Na sexta-feira (24.03), no auditório da Federação das Indústrias de Mato Grosso (FIEMT), o Fórum Pró-Ferrovia apresentou os avanços e planejamento para a ampliação da Ferrovia Senador Vicente Vuolo (antiga Ferronorte), para ligar 280 km do trecho de Rondonópolis a capital de Mato Grosso (Cuiabá). Na ocasião foi apresentado o projeto de viabilidade aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que contempla um estudo do traçado dos trilhos.
O projeto é previsto não só para transportar cargas mas também passageiros de Rondonópolis a Cuiabá. A intenção é de que os trilhos subam para o norte do estado e chegue até Santarém (Pará) e dessa forma, facilite o escoamento da produção de Mato Grosso, que é o maior produtor de grãos do País.
“As pessoas pensam só no que a ferrovia leva, porém temos que refletir o que ela traz. A ferrovia vai levar mais do que mercadorias, irá trazer desenvolvimento, empregos e benefícios para a capital, gerando impactos positivos para o Vale do Rio Cuiabá. Essa transformação só será possível, quando os trilhos chegarem na baixada cuiabana, por que temos um grande mercado consumidor e distribuidor como termoelétrica, porto seco, universidades, distrito industrial entre outros fatores, sendo necessário verticalizar para fortalecer não apenas a ferrovia mas o crescimento econômico como um todo” disse o presidente do fórum Francisco Vuolo à reportagem do Mato Grosso Econômico.
O modal beneficiará 13 municípios do Vale do Rio Cuiabá, principalmente a capital, contribuindo com a atração de indústrias, redução do custo do frete, geração de emprego, além de desenvolver a região economicamente. O presidente da FIEMT, Jandir Milan, exemplificou uma das vantagens da ferrovia em relação ao transporte de mercadorias. “O custo do frete para o sistema rodoviário por exemplo custaria R$ 100,00, o modal ferroviário custaria em média R$ 50,00 e a hidrovia R$ 25,00. É importante pensarmos em outros tipos de transporte no estado e a ferrovia é muito importante” pontuou Milan.
Na solenidade também esteve presente o coordenador geral de Programação e Capacitação para o Desenvolvimento de Transportes, do Ministério dos Transportes, Anderson Moreno Luz, representante enviado pelo Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil Maurício Quintella. O governo federal irá ajudar na aprovação, porém a verba não virá da União e sim da iniciativa privada, por meio de concessões.
O secretário de infraestrutura de Mato Grosso, Marcelo Duarte, disse que o governo do estado está visando o desenvolvimento regional e está apoiando o movimento. "Não é porque a produção se intensificou no Nortão que Cuiabá perdeu a importância no estado. Cuiabá é o centro de serviços, educação, saúde e pode ser muito mais tendo uma ferrovia aqui. Nas concessões deste modal de transporte temos que exigir a expansão da malha ferroviária para diversos trechos de Mato Grosso", destacou Duarte.
O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, também esteve presente no evento e acha que se a ferrovia for ampliada no estado vai melhorar o preço do transporte. "Acredito que pode cair até pela metade o preço do frete, além de trazer desenvolvimento para o estado atraindo indústrias e gerando empregos", disse Botelho.
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, disse que a ferrovia será um indutor do desenvolvimento econômico. "Somos a maior cidade de Mato Grosso, a capital do estado e não podemos ficar de fora desse processo", disse Emanuel que esteve acompanhado no evento do vice prefeito Niuan Ribeiro que participou de várias reuniões e viagens nos municípios da baixada cuiabana com Francisco Vuolo e lideranças do movimento Pró-Ferrovia em Mato Grosso.
A ferrovia existente no estado, com base no município de Rondonópolis, foi inaugurada em setembro de 2013 pela Rumo ALL Logística. Existem outros três terminais de cargas da ALL em Mato Grosso: Alto Taquari, Alto Araguaia e Itiquira. Esta é a única ferrovia no Estado. Segundo o Produtor Rural e empresário Odir Nicolodi “Caçula” a intenção de expandir a malha viária é muito importante para o desenvolvimento. "Ao contrário do que muitos pensam, o transporte ferroviário não vai substituir o rodoviário, pelo contrário, os caminhões serão fundamentais para levar os produtos aos terminais ferroviários, pois é o único meio de transporte que tem condições de pegar as cargas na porteira das propriedades. Hoje o caminhoneiro faz um trajeto muito longo no transporte e acaba ficando longe das famílias por vários dias e correndo mais risco de assaltos. Com a ferrovia em Mato Grosso, a qualidade de vida dos caminhoneiros vai melhorar e continuará tendo serviço para eles. Em países desenvolvidos a ferrovia e a rodovia se interligam e aqui também será dessa forma", ressaltou Caçula.
Principais pontos positivos da Ferrovia Senador Vuolo
- Atração de investidores e indústrias para Mato Grosso
- Geração de emprego e renda para o setor e atividades interligadas
- Cuiabá é o Centro Geodésico da América Latina, sendo ponto estratégico socioeconomicamente
- Com a ferrovia subindo para o norte do estado vai facilitar o escoamento de grãos e minimizar custos
- Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país
- Ampliaria a economia de Mato Grosso e do Brasil sendo indutor do desenvolvimento
- O transporte ferroviário poderia carregar mercadorias e pessoas
- Redução do custo do frete e maior competitividade logística
O evento contou com a presença de políticos e empresários – Fizeram parte da mesa o coordenador geral do Programa de Desenvolvimento do Transporte do Ministério dos Transportes, Anderson Moreno Luz, prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro, Secretário de Estado de Infraestrutura e Logística Marcelo Duarte, Presidente do Fórum Francisco Vuolo, Presidente da Fiemt, Jandir Milan, Senador Welligton Fagundes, Senador José Medeiros, Presidente da Assembleia Legislativa Eduardo Botelho, Deputado Federal Victório Galli e do conselheiro do TCE MT Luiz Henrique Lima.
Também participou do evento o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo), Aldo Locatelli, que na ocasião assinou o ‘Ato de Adesão’ ao Fórum Pró-Ferrovia em Cuiabá, juntamente com Vuolo. Os participantes assistiram a campanha publicitária ‘Ferrovia Traz’, elaborada pela agência Company e elogiada por todos presentes, que demonstrou os benefícios do modal de transporte para Mato Grosso.
Fórum Pró-Ferrovia em Cuiabá
O Fórum Pró-Ferrovia em Cuiabá é uma entidade suprapartidária que defende o fortalecimento do modal ferroviário no Brasil e tem como objetivo garantir o avanço dos trilhos no estado de Mato Grosso.
Este movimento em prol da ferrovia é integrado pela Federação das Indústria de Mato Grosso (FIEMT), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio-MT), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), o Sebrae em Mato Grosso, Porto Seco Cuiabá, Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC), Sindicato da Construção Civil de Mato Grosso (Sinduscon-MT), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (CREA-MT), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Conselho Regional de Economia (Corecon-MT), Federação Matogrossense de Associações de Bairros (Femab), Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (FCDL-MT), Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá) e Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo).
Sobre a Ferrovia
A Ferrovia Senador Vicente Vuolo (antiga Ferronorte) foi inaugurada em 2013. A obra entre Rondonópolis e Cuiabá está orçada em R$ 1,4 bilhão aproximadamente; já entre Cuiabá e Sorriso R$ 3,6 bilhões. Com a extensão, o objetivo é diminuir o gargalo logístico, o que pode resultar na atração de novas indústrias e redução de custos ao setor produtivo de Mato Grosso.
Os trilhos em Mato Grosso chegam atualmente até o município de Rondonópolis, saindo do Porto de Santos, em São Paulo. A ferrovia foi inaugurada em Rondonópolis em setembro de 2013 e conta com outros terminais localizados em Alto Taquari, Alto Araguaia e Itiquira.
Segundo Vuolo, os estudos realizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam a viabilidade do modal ser utilizado inclusive para o transporte de passageiros entre Rondonópolis e Cuiabá. A ‘Carta de Mato Grosso – Ferrovias’ foi entregue para a ANTT pelo Fórum Pró-Ferrovia, durante audiência pública realizada em Brasília (DF), no dia 26 de janeiro de 2017, assinado pelo governador Pedro Taques.
No documento entregue para a ANTT, o Fórum pede a inclusão do trecho Rondonópolis a Cuiabá nas obrigações da Concessionária Rumo ALL (Malha Paulista), além de uma utilização melhor da opção do traçado segundo o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Financeira, Social e Ambiental (EVTEA) contratado pela ANTT (alternativa do traçado 5), cujo valor é de R$ 1,36 bilhão. Outro ponto solicitado é a aplicação do montante suficiente dos valores de pagamento de encargos e parte da outorga para a realização das obras de expansão da Ferrovia Senador Vicente Vuolo.