Os três candidatos com melhor intenção de votos nas pesquisas eleitorais ao governo de Mato Grosso, juntamente com os senadores de cada chapa estiveram reunidos no Cenarium Rural nesta segunda-feira (03), em evento promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso – Famato, que teve como objetivo apresentar a visão que cada um tem sobre as problemáticas que impactam agronegócio do estado.
O evento foi importante para abrir o diálogo com as cadeias produtivas e discutir os desafios do setor. O presidente da Famato Normando Corral destacou a importância do 'Encontro com os Candidatos 2018'. “Tivemos 439 pessoas cadastradas neste evento que não são apenas eleitores, mas também formadores de opinião. Agradeço a participação dos candidatos, sindicatos rurais, associações, Imea e Senar que contribuíram para que este evento acontecesse”, disse Normando.
A segurança jurídica e a logística foram abordados por todos que disputam as eleições majoritárias este ano, incluindo Mauro Mendes (DEM), Wellington Fagundes (PR) e Pedro Taques (PSDB) ao governo e também pelos candidatos ao senado nas respectivas chapas, entre eles Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD) da ‘Coligação Pra Mudar Mato Grosso’ – Mauro Mendes, seguido por Adilton Sachetti (PRB) da ‘Coligação A Força da União’ – Wellington Fagundes, e por fim, Nilson Leitão (PSDB) da ‘Coligação Segue em Frente Mato Grosso’ – Pedro Taques.
As candidatas ao senado Maria Lúcia Cavalli (PC do B) da Coligação de Wellington Fagundes e Selma Arruda (PSL), da Coligação de Pedro Taques não estiveram presentes. Maria Lúcia devido ao falecimento de sua mãe e Selma Arruda por rompimento com a Coligação de Taques e mudança na estratégia de campanha, que deve seguir de forma independente no estado e com apoio do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL).
A falta de segurança jurídica e a logística insuficiente têm afastado investidores de Mato Grosso e foram elencados como os dois principais entraves da competitividade do agronegócio no estado.
Embora os candidatos tivessem bem intencionados nas apresentações, vale ressaltar que a segurança jurídica e a logística são temas que envolvem não apenas o futuro governador e o poder executivo, mas também o legislativo e judiciário.
Estes fatores estão relacionados a maiores investimentos em infraestrutura, sendo que o governo federal não tem investido muito em Mato Grosso e os recursos do estado não conseguem suprir toda a necessidade de logística, também a diversificação de modais de transporte para minimizar o custo do frete, como a implantação de ferrovia e ampliação da malha existente, tendo como desafio o lobby das empresas que fomentam o setor rodoviário. Outro fator se relaciona às alterações nas leis para estimular a competitividade do setor agro, além da diminuição da intervenção do governo federal que tem atrapalhado o livre mercado, como está acontecendo atualmente com a tabela mínima do frete.
Sendo assim, é importante o eleitor este ano ter consciência do voto e pensar não apenas que o próximo governador vai resolver sozinho todos os problemas do estado, mas sim, com o apoio de um conjunto de parlamentares, incluindo senadores e deputados na esfera federal e estadual.
No início do evento ocorreu a palestra “Economia e Gestão Pública”, ministrada pelo superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – Imea, Daniel Latorraca, que mostrou o resumo econômico dos últimos 20 anos em Mato Grosso. Os dados revelaram preocupação da maneira com que os gestores públicos estão conduzindo o orçamento do estado, visto que a receita orçamentária histórica sempre esteve em crescimento, porém as despesas também cresceram vertiginosamente, causando desequilíbrio nas contas públicas, déficit fiscal e prejuízos aos investimentos necessários para o desenvolvimento econômico e social do estado.
De 1999 até 2015 o PIB de Mato Grosso cresceu de R$ 12,31 bilhões para R$ 107,43 bilhões, apontando que o estado realmente cresceu muito. Em 1998 a receita orçamentária do poder executivo de Mato Grosso era de R$ 6,84 bilhões, já em 2017 totalizou R$ 16,55 bilhões. No entanto, as despesas empenhadas subiram mais de quatro vezes, saltando de R$ 2,72 bilhões para R$ 11,93 bilhões no mesmo período. O ritmo de crescimento das despesas não é condizente ao aumento populacional que cresceu de 2,33 milhões para 3,34 milhões de habitantes nesses últimos 20 anos, conforme análise apresentada pelo superintendente do Imea, com base nos Relatórios de Execução Orçamentária da Sefaz / STN e IBGE.
Diante do descompasso no equilíbrio fiscal, os candidatos ao governo Mauro Mendes, Wellington Fagundes e Pedro Taques e os respectivos senadores de cada chapa apresentaram o que pretendem fazer para superar esses desafios.
O MT Econômico esteve presente no evento e traz a seguir um resumo da visão de cada candidato para melhorar o estado de Mato Grosso.
Candidatos ao governo Mauro Mendes (DEM) e senado Jayme Campos e Carlos Fávaro
Coligação Pra Mudar Mato Grosso
Mauro Mendes (DEM) demonstrou sua experiência como prefeito de Cuiabá, lembrando que quando governou a capital do estado saiu com 80% de aprovação popular. Disse que também presidiu a Federação das Indústrias de Mato Grosso – Fiemt por 4 anos e conhece a importância de industrializar a produção para gerar emprego, renda e desenvolvimento local.
Destacou ainda que o país está mudando e nunca antes na história tivemos governadores, grandes empresários e até presidente da república presos por corrupção. O candidato disse que está havendo um novo momento político no país, de renovação e quebra de paradigmas.
“Sinto a revolta do povo brasileiro também, mas o país está mudando e não podemos desistir, porque é através da política que os problemas são resolvidos. Cabe ao eleitor escolher melhor os candidatos. A qualidade dos políticos depende da qualidade do voto de cada um”, ressalta Mauro Mendes.
Como estratégia para superar o problema fiscal e desequilíbrio orçamentário, Mauro quer estancar as despesas fazendo uma reforma administrativa para sobrar mais recursos para investimentos. Pretende estimular a economia do estado por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs), desburocratização da Secretaria de Meio Ambiente – Sema e Secretaria de Fazenda – Sefaz, articular a implantação da ferrovia e melhorar diversas estradas como a MT-158, MT-100, MT-419, entre outras.
O candidato ao senado Jayme Campos (DEM) defende a reforma tributária, reorganização do Pacto Federativo, visto que os municípios ficam com a menor parte da arrecadação de impostos (cerca de 15%), além de colocar em discussão a redução dos repasses aos poderes.
“A Assembleia Legislativa, por exemplo, tem um orçamento de quase R$ 500 milhões por ano, porém é uma instituição pequena, com apenas 24 deputados. Isso tem que ser revisto para sobrar mais dinheiro para realizar investimentos à população de Mato Grosso”, dispara Jayme.
Carlos Fávaro, candidato ao senado pela mesma coligação quer ampliar a internet para todos os municípios do estado, pois hoje a cobertura do sinal é de apenas 53% no território mato-grossense e o avanço da agricultura digital vai demandar muito isso. Pretende também lutar pela melhoria da infraestrutura e batalhar para a ferrovia acontecer em Mato Grosso. Fávaro destacou o trabalho que fez na Secretaria de Meio Ambiente – Sema.
“Reduzi o prazo de licenciamento de 600 para 150 dias, além de outras desburocratizações que deram celeridade aos investimentos rurais no estado”, ressalta.
Candidatos ao governo Wellington Fagundes (PR) e senado Adilton Sachetti (PRB)
Coligação A Força da União
Wellington Fagundes (PR) reconhece que não sabe tudo, mas ressaltou que está a disposição para ouvir todos os setores e população para construir alternativas eficazes diante dos problemas enfrentados pelo estado.
“Como governador quero lutar para mudar a Constituição Federal ao ponto de que se o governador não cumprir as leis tenhamos o direito ao impeachment, pois no país tem acontecido muita desordem que atrapalha o desenvolvimento dos estados. Não implantarei nenhuma obra nova em regiões onde tiverem obras paradas. A prioridade será concluir o que já foi começado para depois implantar outras obras. Hoje no estado já são mais de 400 obras paradas. Além disso, quero valorizar o servidor público, que hoje está com medo e sendo penalizado pelos gastos do estado. Também vou trabalhar pelas questões de regularização fundiária para promover maior segurança aos proprietários”, enumera Wellington.
O candidato ao senado Adilton Sachetti (PRB), que recentemente teve o apoio do ministro da agricultura Blairo Maggi declarado publicamente, criticou a tabela mínima do preço do frete e disse que a lei de livre mercado está prejudicada atualmente no país.
“Há alguns anos atrás teve muito incentivo para comprar caminhões com juros baixos, de até 2% ao ano e carência de pagamento. Isso gerou muita oferta e desorganizou o mercado. Teve ano que foram vendidos mais de 150 mil caminhões no país. Hoje em dia até o Ministério Público está interferindo na livre concorrência”, critica Sachetti.
Candidatos ao governo Pedro Taques (PSDB) e senado Nilson Leitão (PSDB)
Coligação Segue em Frente Mato Grosso
O atual governador e candidato à reeleição Pedro Taques (PSDB) disse que muita coisa que tem sido falada na mídia é falta de conhecimento dos números do estado.
“Estão dizendo por aí que vão reduzir secretarias, mas quais seriam? Talvez isso economize no máximo R$ 700 mil por ano, mas será que é suficiente para resolver os problemas do estado? E hoje as secretarias já estão enxutas, trabalhando com menos servidores do que em outros estados do país, comparando as demandas de trabalho. Então pensem bem, se reduzirmos secretarias não teríamos a qualidade do serviço público afetado? Já temos o caminho para resolver os problemas financeiros do estado. Conseguimos na minha gestão a aprovação da Pec do Teto dos Gastos, que vai minimizar as despesas, sendo que muitas delas foram feitas em gestões anteriores. Economizamos no nosso governo R$ 1,1 bilhão em reforma administrativa”, ressalta Taques.
O atual governador disse também que melhorou o ambiente de negócios em sua gestão. “Atraímos fábrica de etanol para o estado e recebemos visita de 38 delegações estrangeiras para conhecer o potencial de Mato Grosso. Para os próximos anos queremos melhorar ainda mais a ambiência negocial e atrair fábricas para aumentar a industrialização do estado”, completa.
Taques reforçou ainda, o compromisso de que não vai renovar o Fethab 2, pois na sua opinião os produtores já contribuíram muito para o estado. Comentou por meio de carta distribuída aos participantes do evento que nunca houve desvio de finalidade do fundo, mas sim o pagamento de financiamentos de infraestrutura e logística para Mato Grosso não entrar no “Serasa” dos estados, por meio do Cadin, fato que se ocorresse, prejudicaria os repasses para os municípios de Mato Grosso.
O candidato ao senado Nilson Leitão destacou seu trabalho como deputado federal e líder da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) em Brasília.
“Defendo o agronegócio porque é o setor que produz alimentos para o mundo inteiro. O Brasil não terá salvador da pátria, terá que fazer gestão. Quem quiser melhorar o futuro do país terá que conhecer o poder da caneta e não do grito. Vai ter que compreender como funcionam os poderes e ter paciência o suficiente para convencimento. O congresso e o poder judiciário vão continuar funcionando. Os gestores terão que ter capacidade de liderança e de unificação dos interesses. Precisamos enfrentar as ONGs que trabalham contra o país. Denunciamos, por exemplo, ONGs que colocaram mais de R$ 1 bilhão de dinheiro internacional no país para retomada de território. Também denunciamos o Ministério Público e procuradores envolvidos. O Brasil tem que ter a coragem de enfrentar. O sistema covarde que divide as pessoas existe porque atrás do interesse coletivo, têm muitos interesses pessoais. Temos que ter mais segurança jurídica e prioridade em definir ações importantes para o estado e o país melhorar,” finalizou Nilson Leitão.