As estatísticas sobre inadimplência, somadas ao movimento estrutural do mercado agropecuário e às recentes discussões sobre o Plano Safra confirmam um novo ciclo no financiamento do agronegócio brasileiro.
O aumento do risco de crédito, o alongamento dos prazos médios dos financiamentos e a consolidação da CPR (Cédula do Produto Rural) são os três fatores que caracterizam essa mudança: “As operações de crédito rural com recursos direcionados e taxas de mercado foram as mais impactadas pela deterioração da capacidade de pagamento“, destaca Israel Malheiros, COO da Vertrau, ao observar que a inadimplência de pessoas jurídicas subiu de 0,60% para 0,76% em março último, um aumento de 26,7% comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados da CNDL/SPC Brasil (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e Serviço de Proteção ao Crédito). “Esse quadro reflete um ambiente macroeconômico ainda desafiador, marcado por juros elevados, queda da renda agrícola e recomposição de margens após ciclos de investimento intensivo.”
O alongamento nos prazos médios de concessão de crédito rural para pessoas jurídicas, é outra mudança estrutural no setor. Segundo dados do Banco Central, o prazo médio total se ampliou em 64%, passando de 19,41 meses (abril/2024) para 31,92 meses em abril último. Nas operações com taxas reguladas, o prazo médio saltou de 25,13 para 48,15 meses, um aumento de 92%.
“Essa mudança estrutural aponta para concessões mais longas, em resposta à necessidade de refinanciamento e à complexidade dos investimentos produtivos, sobretudo em maquinário e recuperação de áreas”, observa Malheiros, ao ressaltar que, nesse contexto a CPR vem crescendo como infraestrutura de crédito.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), houve um crescimento de 43% no Estoque de Cédulas de Produto Rural (CPR) em doze meses, totalizando R$ 325 bilhões de recursos movimentados em março. O estoque de CPRs registradas saltou de R$ 34 bilhões, em 2021, para R$ 484 bilhões em março deste ano, com um crescimento de 1.323%.
Um importante impulsionador das CPRs tem sido o desenvolvimento de plataformas que operam como uma infraestrutura fundamental para o crédito rural.
O COO da Vertrau avalia que o momento de realinhamento do agronegócio brasileiro exige mais do que novos recursos — requer infraestrutura de confiança. Nesse contexto, a CPR registrada digitalmente, com rastreabilidade e governança de ponta a ponta, deixa de ser apenas um título e passa a ser um fundamento estrutural do crédito rural.
“O crédito privado no agronegócio avança com velocidade”, destaca Malheiros, ao citar ainda que o estoque total de instrumentos privados de crédito rural (CPR, LCA, CRA, CDCA, Fiagro) já ultrapassava R$ 1,2 trilhão em novembro último, com um crescimento de 31,5%, segundo dados do Mapa. “Esse movimento decorre não apenas da restrição orçamentária do Plano Safra, mas da eficiência e flexibilidade das estruturas privadas — que encontram na CPR um título robusto, versátil e reconhecido pelo mercado e reguladores.
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