A irrigação por pivôs tem se mostrado um divisor de águas na produtividade agrícola, especialmente em estados como o Mato Grosso, que é um dos maiores polos do agronegócio no Brasil. Contudo, sua implementação enfrenta obstáculos significativos, principalmente relacionados à infraestrutura elétrica, que ainda é uma barreira crucial para muitos produtores.
No caso do produtor Otávio Palmeira, no município de Primavera do Leste, que dedica cerca de 5 mil hectares ao cultivo de soja e cerca de 2 mil hectares ao milho, a irrigação por pivôs desempenha um papel fundamental na eficiência de suas lavouras. Sua propriedade, localizada em Primavera do Leste (238 km de distância de Cuiabá), no Mato Grosso, tem uma distribuição de culturas cuidadosamente planejada para cada safra, levando em consideração variáveis como o clima, o meio ambiente e a demanda de mercado. No entanto, a qualidade e a disponibilidade de energia elétrica nas áreas rurais têm sido um grande desafio para a expansão de sua produtividade.
Desafios de infraestrutura elétrica no campo
A implementação de sistemas de irrigação por pivôs exige uma infraestrutura elétrica robusta e confiável. Porém, a realidade é bem diferente em muitas áreas rurais, como aquelas em que Otávio atua. Redes elétricas antigas, transformadores subdimensionados e a distância das propriedades até os pontos de conexão criam um cenário onde os custos de adequação da infraestrutura são elevados, colocando um grande obstáculo para muitos produtores, especialmente os pequenos e médios, que não têm o capital necessário para realizar esses investimentos iniciais.
“O grande problema é que essa responsabilidade acaba recaindo sobre os produtores rurais, que precisam arcar com custos elevados para a adequação das redes elétricas. Pequenos e médios agricultores, muitas vezes, não têm capital para esse tipo de investimento inicial”, explica Diogo Vogel Lisboa, engenheiro eletricista e consultor energético no setor agrícola.
Com isso, muitos produtores acabam adiando ou desistindo da instalação dos sistemas de irrigação, o que limita a capacidade de expansão da produtividade agrícola no país.
Além da infraestrutura precária, a baixa qualidade da energia elétrica nas áreas rurais representa outro obstáculo significativo. Oscilações de tensão e interrupções frequentes afetam diretamente o funcionamento dos pivôs de irrigação. Isso não só prejudica a operação do sistema, como também pode causar danos aos motores elétricos, gerando custos elevados com manutenção e forçando muitos produtores a buscarem alternativas como geradores a diesel.
“Não é incomum que sistemas inteiros sejam desligados por conta de uma queda de tensão no momento mais crítico da irrigação”, relata Otávio Palmeira. Falhas no fornecimento de energia, especialmente em momentos críticos da irrigação, podem comprometer uma safra inteira, gerando prejuízos significativos e impactando a rentabilidade da propriedade. A falta de confiabilidade energética também reduz a vida útil dos equipamentos, o que força os produtores a arcar com custos extras e diminui a sustentabilidade financeira das propriedades.
Apesar dos desafios, algumas soluções começam a surgir. Empresas especializadas têm desenvolvido tecnologias para otimizar o consumo de energia elétrica na irrigação, como sistemas de monitoramento remoto, automação de equipamentos e o uso de fontes renováveis, como painéis solares. Otávio, por exemplo, está atento a essas inovações, buscando alternativas que possam reduzir os custos operacionais e minimizar os impactos ambientais das operações agrícolas.
Além disso, projetos de modernização da infraestrutura elétrica no campo, como a expansão da Rede Trifásica, estão sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade da energia fornecida às propriedades rurais. Essas iniciativas, embora ainda em estágio inicial, representam um avanço significativo na busca por uma solução definitiva para o setor agrícola.
Para que a energia elétrica se torne uma solução viável para todos os produtores, é fundamental um esforço conjunto entre o setor privado e o governo. O apoio governamental, por meio de subsídios para a instalação de redes elétricas e a redução de tarifas para o setor agrícola, é essencial para viabilizar os investimentos em irrigação e garantir a sustentabilidade financeira das propriedades rurais.
“Precisamos de um esforço conjunto entre setor privado e governo para investir em infraestrutura e reduzir os custos da energia elétrica. Sem isso, torna-se praticamente impossível iniciar investimentos em irrigação ou expandir as propriedades”, afirma Otávio Palmeira.

Caminhos para uma agricultura sustentável
A energia elétrica para os pivôs de irrigação é um elemento crucial para o crescimento e a sustentabilidade do agronegócio no Brasil. Investimentos em infraestrutura, maior apoio governamental e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras são fundamentais para garantir que mais produtores, como Otávio Palmeira, tenham acesso a essa ferramenta essencial. Com planejamento, colaboração entre os setores público e privado e maior foco na inovação, o Mato Grosso pode continuar a liderar a produção agrícola nacional, garantindo que a irrigação seja um motor para impulsionar a produtividade de maneira sustentável e econômica.
O futuro do agronegócio depende de soluções que equilibrem a tecnologia, a sustentabilidade e a eficiência. Para produtores como Otávio, o desafio é grande, mas as possibilidades de inovação e adaptação podem transformar as dificuldades atuais em oportunidades para um futuro mais sustentável e próspero para a agricultura brasileira.
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