A economia brasileira vive um paradoxo: enquanto o desemprego está em mínimas históricas, a renda das famílias atingiu níveis recordes e a inflação mostra sinais de desaceleração, o endividamento e a inadimplência dos lares alcançaram o maior patamar em mais de uma década.
O contraste é resultado direto do aperto monetário do Banco Central. Desde setembro de 2024, a Selic saltou de 10,75% para 15% ao ano, e a autoridade monetária já sinalizou que os juros devem permanecer “em patamar elevado por um período prolongado”. A decisão, tomada para controlar preços, encareceu o crédito e pressionou o orçamento das famílias.
Os efeitos aparecem nas estatísticas: em agosto, 30,4% dos lares relataram contas em atraso, o maior índice desde o início da pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em 2010. A taxa de inadimplência em crédito pessoal também avançou para 6%, evidenciando as dificuldades crescentes de consumidores em equilibrar renda e compromissos financeiros.
Thiago Pinotti Duarte, economista e Chief Revenue Officer (CRO), alerta que a combinação de juros altos e expansão do crédito nos últimos anos criou uma armadilha para muitas famílias. “O mercado de trabalho segue aquecido, mas a renda extra tem sido absorvida pelo custo do financiamento e pelo peso das dívidas. A inadimplência em alta não é sinal de fragilidade imediata da economia, mas aponta para um risco social que pode limitar o consumo e a confiança”, afirma.
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