Somadas as horas passadas em reuniões ou diante do computador, passamos o dia todo sentados. O médico Victor Matsudo, consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que o hábito de trabalhar o dia todo sentado é muito mais nocivo do que se pensa
"O sedentarismo, de forma geral, é um problema cuja gravidade costuma ser subestimada pelas autoridades do mundo inteiro", diz Matsudo.
Para começar, trata-se do fator de risco mais comum de todos, com frequência superior a outros males mais “difamados”, como tabagismo e obesidade.
Pior, diz Matsudo: além de ser o mais prevalente, o sedentarismo é o segundo fator de risco que mais mata no mundo, atrás apenas da hipertensão. Por ano, ele tira a vida de 5,3 milhões de pessoas no mundo todo.
Além de humanas, as perdas são também materiais. No Reino Unido, a falta de atividades físicas custa para a saúde 8,2 bilhões de libras esterlinas por ano. A título de comparação, as despesas anuais dos britânicos são de 4,2 bilhões com a obesidade e 3,9 bilhões com o alcoolismo.
“Nosso corpo é uma máquina perfeita, mas uma máquina feita para estar em constante movimento”, diz Fabiana Rachid, fisioterapeuta do trabalho da Qualiforma. “Ela não foi feita para as comodidades do século XXI, mas sim para correr, caçar, fugir dos predadores”.
A ausência de exercício físico reduz a expectativa de vida, acelera o envelhecimento, tira a força dos músculos e aumenta a incidência de doenças nos ossos.
Tempo de cadeira
Para fugir do sedentarismo, a recomendação oficial para adultos é fazer pelo menos 30 minutos de atividade física em pelo menos 5 dias por semana. Mas até uma rotina menos puxada pode trazer benefícios para o corpo.
“Há evidências de que mesmo um exercício leve faz diferença para a saúde“, diz Matsudo. Segundo ele, o movimento é sempre bem-vindo – seja uma série de exercícios na academia, seja uma caminhada até o outro lado do andar para buscar um café.
Para aqueles que se esquecem de levantar durante o expediente, a dica do médico é passar 5 minutos em pé para cada 30 minutos sentado, ou 10 a cada 60, e assim por diante, com base em múltiplos de 5.
Quer razões para seguir esses conselhos? Veja a seguir 6 riscos que você corre ao passar o dia colado à cadeira do escritório:
1. Você tem chances de morrer mais cedo
Pode parecer dramático, mas o fato é atestado por pesquisas científicas. Segundo um trabalho publicado pelo professor canadense Peter Katzmarzyk, ficar sentado por longas horas diminui a expectativa de vida. Segundo o estudioso, o risco de morrer aumenta 50 vezes entre aqueles que passam tempo demais acomodados na falsa segurança de suas poltronas.
2. Você pode ter mais problemas com a balança
Segundo Matsudo, pesquisas comprovam uma correlação pouco surpreendente: quanto mais tempo um indivíduo passa sentado, maior o seu IMC (Índice de Massa Corporal). Além de facilitar a obesidade, o hábito também aumenta a circunferência abdominal, acrescenta o médico.
3. Sua fertilidade pode diminuir (se você for homem)
Passar muito tempo no assento reduz a concentração de esperma no líquido espermático. De acordo com Matsudo, o homem pode perder até 30% da sua fertilidade se não se levantar de vez em quando.
4. Sua coluna fica numa posição pouco natural
“Quando nos sentamos, geralmente distribuímos o peso do corpo de maneira errada, não respeitando as curvaturas naturais da coluna vertebral”, explica a fisioterapeuta Fabiana Rachid. Com isso, aumenta a pressão entre os discos intervertebrais, o que causa dores nas costas. Em alguns casos, a má postura pode trazer problemas mais graves, como hérnia de disco.
5. Sua circulação fica prejudicada
A posição sentada atrapalha a circulação sanguínea e linfática. Se for mantida por um tempo demais, explica Fabiana, essa postura traz problemas como inchaços nas pernas, dores e varizes.
6. Suas visitas ao médico serão cada vez mais frequentes
O hábito de passar tempo demais sentado está relacionado a problemas de diversas ordens, como aumento nos índices de triglicérides, pressão arterial e diabetes. Não à toa, diz Matsudo, pessoas ativas frequentam menos consultórios médicos, passam por menos cirurgias, usam menos remédios e se submetem a menos internações hospitalares do que aquelas que preferem a cadeira.