A queda do dólar na semana passada mexeu com os preços da soja tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos. Aqui no Brasil com a crise política a situação tem ainda um agravante.
Em Tangará da Serra/MT a saca teve queda de 3,51% para R$ 55,00, as praças de Londrina e Londrina, no Paraná, por exemplo, queda de 0,79% para R$ 62,50 por saca.
Já outras praças conseguiram suporte em outros fatores – como a demanda interna ainda forte e os prêmios positivos – para assegurar alguns ganhos na semana. Em Ponta Grossa, também no Paraná, alta de 5,71% para R$ 74,00 por saca e em Não-Me-Toque/RS, ganho de 2,295 para R$ 67,00.
Ao lado do dólar, as especulações sobre a nova safra dos Estados Unidos, com foco na área e nas condições de clima para o Meio-Oeste americano, ganham cada vez mais terreno e peso entre as decisões dos investidores.
"Os preços da soja estão começando a mudar de direção", diz o consultor em agronegócios Ênio Fernandes. "A medida em que nos aproximamos mais do plantio da nova safra norte-americano, nos aproximamos mais de preços firmes na casa dos US$ 9,00 por bushel", completa.
Dólar
Somente no mês de março, a baixa acumulada da moeda norte-americana é de 10,54% e as quedas consecutivas frente ao real foram um dos fatores determinantes para que os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas da oleaginosas encerraram, no balanço semanal, com altas de 0,20% a 0,31%. O vencimento julho/16 fechou a sessão desta sexta-feira (18) cotado a US$ 9,04 por bushel, enquanto o agosto/16 foi a US$ 9,06.
Ainda na última sexta, a divisa dos EUA fechou com R$ 3,5817 na venda, perdendo 1,96%, registrando seu menor patamar desde 27 de agosto de 2015. "O mercado continua na toada de que o que é ruim para Dilma, é bom para o mercado", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold à agência de notícias Reuters.
"Essa queda acumulada no mês de março tira a competitividade da soja brasileira, traz retração de venda, de oferta, e isso para Chicago é altista, porque os compradores vão se direcionar pra safra americana que, ao mesmo tempo, tem um dólar lá mais baixo, favorável às commodities agrícolas produzidas dentro dos Estados Unidos", explica Carlos Cogo, consultor de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.
Há, no entanto, a leitura contrária e a pressão que um dólar mais baixo exerce sobre as cotações da soja no mercado brasileiro. Dessa forma, a semana para os valores internos da soja, novamente, termina negativa, com as baixa mais acentuadas sendo registradas no interior do país. Consequentemente, ainda como explica Cogo, sem negócios efetivos, somente o cumprimento daqueles já feitos anteriormente.
Prêmios
Embora os prêmios pagos pela soja brasileira nos portos estejam positivos tenham registrado, nos últimos dias, um avanço, o impacto dos mesmos na formação das cotações internamente não tem sido o mesmo. Os prêmios não têm sido suficientes para compensar essa baixa do dólar.
"Isso poderia ter acontecido, mas fato é que não está se precificando, via prêmio, uma cobertura via prêmio. Então, esse é mais um fato para o estímulo de compra de soja americana pelos importadores internacionais", explica Cogo. Nas principais posições de entrega, os prêmios, no porto de Paranaguá, por exemplo, oscilam entre 40 e 44 centavos de dólar sobre os preços praticados na Bolsa de Chicago.
No terminal paranaense, a soja disponível fechou a semana com alta de 1,35% para R$ 75,00 por saca, enquanto a futura, embarque maio/16, foi a R$ 77,00, ganhando 4,05%. Já em Rio Grande, queda de 0,27% no disponível, para R$ 73,80 e pequena alta de 0,67% para R$ 75,00 na soja a ser embarcada também no mês de maio.