O site Mato Grosso Econômico levantou junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que as empresas tem investido em contratar pessoas com deficiência.
Ter um contrato fixo dentro de uma empresa em tempos de crise é o sonho da maioria das pessoas, imagine só para quem normalmente não teria estas oportunidades, como as Pessoas com Deficiência (PcD).
Cerca de 53% delas não são economicamente ativas. Mudar esses números é um dos desafios do Programa Senai de Ações Inclusivas (Psai) que oferece qualificação para que PcD trabalhem na indústria.
Em Rondonópolis, só este ano, cerca de 30 PcD foram contratadas por duas grandes empresas, metade delas pelo programa Jovem Aprendiz. De acordo com a coordenadora do Psai em Mato Grosso, Denise Molina, foram 72 pessoas inscritas no processo seletivo, um número bastante alto já que muitas famílias de PcD impedem que os mesmos se candidatem às vagas.
“Eu tive que fazer um trabalho de ir de casa em casa para convidar as pessoas e explicar como iria funcionar o contrato”, conta Denise. Pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, sancionada em 1º de janeiro de 2016, quando contratada por uma empresa, a PcD não perde o benefício adquirido. “O montante recebido tem a função de auxiliar nas necessidades diárias ou ainda permitir a autonomia da pessoa, já o trabalho garante ao indivíduo um papel no mundo. Todo ser humano sonha em ser útil para a sociedade e o trabalho permite essa realização”.
Um dos principais avanços conquistados pelo Senai em âmbito nacional foi a adequação dos materiais didáticos usados nos cursos para as necessidades individuais. Desta forma, consegue-se garantir a mesma condição de aprendizado às pessoas com ou sem deficiência. Outro avanço importante do Senai-Rondonópolis está na criação de um laboratório que simula o ambiente real com uma réplica dos processos internos das indústrias. “O local compreende desde a entrada da mercadoria até a destinação final, inclusive com uma moeda própria. O estudante terá muito mais condição de aprender assim”, conta a coordenadora.
O programa Jovem Aprendiz prepara os estudantes para os desafios no mercado de trabalho. Ao término de um ano, a empresa poderá fazer a contratação efetiva dos mesmos, de acordo com as vagas disponíveis e o desempenho apresentado. A analista de Recursos Humanos do Grupo Petrópolis, Eliara Baumgardt, conta que a empresa inteira se preparou para receber as PcD. “Inclusive ofereceremos o curso de libras para os colaboradores”.
Já ADM Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. Teve 15 pessoas com deficiência aprovadas durante o processo seletivo. Elas vão trabalhar nas funções de operador de produção e auxiliar administrativo. A empresa conta com um projeto de inserção e sensibilização dos funcionários. “Foram tantas pessoas boas durante a fase de seleção que ficou difícil escolher. Muito melhor do que eu esperava”, explica a analista de Recrutamento e Seleção, Camila Barbosa de Oliveira. A equipe do Psai realizou a sensibilização de líderes, gerentes, supervisores e demais funcionários da empresa a fim de preparar as pessoas para receber os novos colegas de trabalho.
Dados para infográfico
Em 2010, 23,9% da população brasileira apresentava pelo menos um tipo de deficiência. Destas, 18,6% tinham deficiência visual, 7% motora, 5,1% auditiva e 1,4% mental ou intelectual. Cerca de 26,5% eram mulheres e 21,2% homens. Cerca de 38.4 mil pessoas viviam em áreas urbanas e 7.1 em áreas rurais.