Nesta segunda-feira (14.11), estiveram reunidos no Palácio Paiaguás o ministro de Relações Exteriores, José Serra, o governador de Mato Grosso Pedro Taques, o vice-governador Carlos Fávaro, secretários de Estado, deputados, prefeitos e representantes de setores produtivos para discutir a retomada da Hidrovia Paraná-Paraguai, que interliga Cáceres, pelo Rio Paraguai e chega até o Pacífico.
Na reunião foi discutido o principal desafio do estado, a logística. O alto custo do frete devido à distância dos principais portos faz com que Mato Grosso pense em novas formas de escoamento de produção. Neste sentido a retomada da Hidrovia Paraná-Paraguai é estratégica, pois diminuirá distâncias e custos de produção, fortalecendo o comércio entre o estado e a América do Sul.
Mato Grosso se destaca economicamente em diversas áreas. O estado é responsável pela produção brasileira de 88% do diamante, 70% do milho de pipoca, 65% do girassol, 59% do algodão, 39% do milho, 32% da soja, 14% do pescado de água doce e ainda possui o maior rebanho bovino do país, com quase 30 milhões de cabeças.
Das 200 milhões de toneladas de grãos que o Brasil produz, Mato Grosso corresponde com 52 milhões deste total. O volume de produção fez com que o Brasil tivesse um superávit na balança comercial nos últimos cinco anos de US$ 67 bilhões de dólares, sendo que deste total, Mato Grosso foi responsável por US$ 61 bilhões.
Na reunião o governador destacou que a hidrovia é importante para Mato Grosso porque vai impulsionar a ZPE de Cáceres. “No ano de 1990 foi assinado o ato de criação da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) e na nossa gestão, após mais de 20 anos, esse projeto foi tirado do papel, com o apoio dos deputados estaduais da região Dr. Leonardo Albuquerque e Wancley Carvalho e federal, Ezequiel Fonseca”, disse Taques reconhecendo os esforços dos parlamentares da região oeste de Mato Grosso.
O vice-governador Carlos Fávaro complementou que o impulsionamento da ZPE vai ser um grande passo para o desenvolvimento do estado. “A ZPE vai melhorar a competitividade de Mato Grosso transformando produtos primários em produtos com valor agregado. Toda a América do Sul poderá ser cliente de Mato Grosso e a Hidrovia será o escoamento estratégico que precisamos para diminuir custos de logística de produção e podermos exportar com mais eficiência”, disse Fávaro.
Analisando os dados apresentados e o discurso dos líderes governamentais, Serra destacou: “Mato Grosso é a região mais próspera do país, é a que mais cresce”. O ministro disse que para haver desenvolvimento tanto no estado quanto no país, deve haver mais liberdade do comércio entre os países parceiros. Uma das coisas que o Brasil precisa ter é a dinamização do Mercosul com relação aos acordos bilaterais. O país perdeu muito tempo nos últimos anos com a integração econômica por meio de acordos multilaterais, definido em Andorra em 2009. Estes acordos padronizaram as regras comerciais para o mundo todo. Alguns países importantes, como Inglaterra e Estados Unidos, não aderiram ao multilateralismo".
“Precisa haver um investimento comum no Mercosul, principalmente nas hidrovias, porque o custo de investimento pode ser menor se comparado ao retorno e produtividade de outros modais. É preciso criar uma comitiva em prol do desenvolvimento das hidrovias. O Brasil não tem cultura de investimento nessa área. Mato Grosso precisa criar um projeto também especifico em defesa da hidrovia e caminhar com os senadores em Brasília”, disse Serra.
O secretário de desenvolvimento de Mato Grosso (SEDEC), Ricardo Tomczyc, disse que está finalizando um projeto de navegação para o estado e apresentará em breve para o governo. “Já temos a minuta do projeto que contemplará incentivos para atrair investimentos ao setor”, ressaltou Ricardo.
O deputado estadual Dr. Leonardo Albuquerque, da região de Cáceres, um dos principais parlamentares responsáveis por tirar a ZPE do papel, disse que hoje a Zona de Processamento já não é mais vista como um desenvolvimento isolado da região oeste e sim do estado de Mato Grosso. “Essa hidrovia já foi historicamente utilizada para o escoamento de ouro e prata no passado. A riqueza do país já passou por essas águas. A reativação beneficiará tanto as vendas para o mercado externo quanto o interno. Hoje a regra de venda da ZPE é 80/20 e já existe um projeto na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) para transformar em 60/40, melhorando a comercialização interna também”, lembrou o deputado. Este projeto está sendo liderado pelo deputado federal Ezequiel Fonseca, também da região oeste de Mato Grosso.
O Mato Grosso Econômico esteve presente na reunião e vai continuar acompanhando esse assunto e trazendo para os leitores mais informações sobre o desenvolvimento de Mato Grosso. Clique aqui e veja as principais notícias de hoje.