Desde a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o dólar caiu pela primeira vez. No mercado à vista, a divisa encerrou em -0,56%, aos R$ 3,4250, após quatro sessões consecutivas de alta, período em que acumulou ganho de 8,54%.
Apesar de se manter em baixa durante todo o dia de ontem(16), o valor final ficou distante da mínima intraday, de R$ 3,4031 (-1,20%), obtida logo no começo do pregão. De acordo com dados registrados na clearing da BM&F Bovespa, o volume de negócios somou US$ 818,61 milhões.
De acordo com especialistas, a atuação do Banco Central foi essencial para o dia de alívio no mercado de câmbio. A autarquia brasileira vendeu pela manhã o lote integral de US$ 1,5 bilhão em swap tradicional. Desse total, US$ 500 milhões foram em contratos novos, ou seja, representaram injeção de liquidez.
No segmento futuro, o contrato de dólar para dezembro fechou em baixa de 0,39%, aos R$ 3,4365, com giro de US$ 16,39 bilhões. Na menor cotação do dia, o ativo tocou R$ 3,4105 (-1,14%).
Apesar da melhora de ontem, novos momentos de estresse não foram descartados pelos profissionais de câmbio. As incertezas em torno do novo governo norte-americano e as possíveis consequências para política monetária do Federal Reserve seguiram alimentando cautela entre os investidores.
Atento a esse risco, o BC anunciou para hoje a oferta de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem. Também serão ofertados até 10 mil novos contratos de swap.
TAXAS DE JUROS – Os juros futuros tiveram um dia de alívio na volta do feriado da Proclamação da República. As taxas mostraram queda desde a abertura, assegurada, principalmente, pelas atuações do Tesouro Nacional e do BC nos mercados de títulos públicos e de câmbio, respectivamente. Os prazos mais longos, justamente os que mais haviam subido desde a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, foram os que mais caíram nesta quarta, favorecidos ainda pelo comportamento mais tranquilo do retorno da T-Note de dez anos.
No final da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 encerrou com taxa de 12,41%, de 12,54% no ajuste de segunda-feira. O DI janeiro de 2019 tinha taxa de 11,99%, ante 12,23% no ajuste anterior. A taxa do DI janeiro de 2021 caiu de 12,42% para 12,09%. O DI janeiro de 2023 terminou em 12,19%, de 12,53%.
Os juros já começaram o dia em expressiva queda, reagindo aos anúncios do Tesouro e BC feitos na segunda-feira após o fechamento dos negócios. O Tesouro informou que faria operações especiais de recompra de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) com prazos entre 2021 e 2027 nesta quarta, quinta e sexta-feira, ao mesmo tempo em que cancelou as ofertas de venda de NTN-F e também de Letras do Tesouro Nacional (LTN) programadas para amanhã.
Após a pressão de alta dos DIs na última sessão ter embutido na curva a termo a possibilidade de manutenção da Selic, de 14%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro, nesta quarta as taxas de curto prazo recuaram e as apostas de corte de 0,25 ponto porcentual voltaram a encostar em 100%. Em entrevista à imprensa estrangeira, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que, mesmo com a rápida mudança no cenário econômico dos últimos dias, a mensagem da mais recente ata do Copom continua válida.