Como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de janeiro também foi melhor que o esperado pelo mercado reforça a percepção de que o processo desinflacionário continua em curso, tornando cada vez mais factível que o IPCA feche na meta de 4,5% este ano.
O dado também corrobora a manutenção do ritmo de corte da Selic em 0,75 ponto porcentual, conforme os analistas, mas as constantes surpresas positivas podem contribuir para aumentar o debate em torno de uma flexibilização monetária ainda mais intensa.
"Mais uma vez um resultado de inflação surpreende o mercado. Tratou-se da décima surpresa consecutiva em cinco meses (IPCA-15 e IPCA)", diz, em relatório, o Banco Safra, que calcula que as surpresas positivas acumularam 0,59 ponto porcentual de alívio neste período.
O resultado favorável decorre, segundo Flávio Serrano, economista-sênior do Haitong, de um conjunto de informações positivas em diversos grupos que compõem o indicador, que mostraram aceleração menor ou desaceleração maior que a prevista "A surpresa foi espalhada pelo índice. Alimentação, Habitação, Artigos de Residência e Vestuário tiveram taxas ligeiramente mais baixas que o projetado, assim como a média dos núcleos", diz.
O economista Marco Caruso, do Banco Pine, destaca a alta menor que a esperada no grupo Alimentação e Bebidas e estima que os alimentos devem continuar contribuindo para o processo desinflacionário. Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, ainda menciona que a recessão prolongada tem esticado o efeito da atividade baixa na inflação. "Ainda é cedo para fazer essa avaliação, mas, se o processo de desinflação continuar intenso, o mercado pode começar a entender que o ciclo será mais longo ou que o Banco Central vai promover cortes mais intensos na Selic”.