A perspectiva da indústria para o desempenho da economia brasileira e da própria atividade industrial em 2020 é bastante otimista, segundo representantes do setor.
Enquanto as projeções para o avanço do Produto Interno bruto (PIB) de 2019 não ultrapassam muito o 1%, para o ano que vem a Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera incremento de 2,5%.
Segundo o Informe Conjuntural – Economia Brasileira, divulgado nesta terça-feira (17), este resultado será obtido pela expansão de 2,8% do PIB industrial e pelo aumento do investimento, estimado em 6,5%.
"É a maior taxa de expectativa de crescimento desde 2011, e o otimismo é baseado em percepções que a indústria já sente na melhora na economia já neste ano, diferente do ano passado", comentou Marcelo Azevedo, especialista em política e indústria da CNI.
O olhar positivo para o futuro é impulsionado pela aceleração da atividade econômica no segundo semestre deste ano. O aumento do consumo, favorecido pela queda da taxa de juros e da paulatina recuperação do mercado de trabalho – fatores que a CNI espera ver ainda melhores em 2020.
A previsão trazida pelo Informe Conjuntural é que a taxa média de desemprego caia de 11,9% para 11,3% em 2020. Segundo a CNI, com a Selic mantida no patamar de 4,5% e inflação esperada de 3,7% (abaixo da meta de 4,5% fixada pelo Banco Central), vão viabilizar um crescimento mais robusto de vagas formais no mercado de trabalho. O cenário possibilitaria, inclusive, aumento de 1,6% no rendimento médio real da população e de 3,4% na massa salarial.
Reformas
Porém, todas essas projeções precisam de comprometimento do Executivo e do Legislativo no avanço de reformas estruturantes. Em especial, a tributária.
"A reforma tributária é a prioridade da indústria para o próximo ano. Nós entendemos que a tributação brasileira ainda é o maior entrave para que as empresas cresçam ainda mais no próximo ano", disse o gerente executivo da CNI, Flávio Castelo Branco.
"É fundamental continuar com a marcha das reformas, não apenas aquelas que dizem respeito ao setor público, dando maior eficiência e eficácia à ação do Estado, mas sobretudo as que visam a eliminação dos entraves que dificultam ou impedem o investimento produtivo. É imperativo atuar para a construção de um melhor ambiente de negócios para favorecer o investimento privado, o motor do novo crescimento", avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Pesquisa recente 2019 sobre Mato Grosso
Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada semana passada, a indústria brasileira cresceu 0,8% em outubro de 2019, na comparação com o mês anterior.
Houve incremento do setor em sete dos 15 locais pesquisados segundo Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE.
Mato Grosso teve um pequeno crescimento, abaixo da média nacional (0,6%), mas já é um avanço, pois o setor vem enfrentando dificuldades no decorrer do ano.
Para 2020 ainda não tem uma perspectiva oficial da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), mas o que se espera segundo empresários locais é de uma melhora no setor em relação à 2019.
Contato de Mato Grosso com investidores
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Gustavo de Oliveira, apresentou para empresários e investidores coreanos que atuam no Brasil as oportunidades de negócios em Mato Grosso na semana passada, um evento promovido pelo Consulado da Coreia em São Paulo.
A Coreia é importante cliente de Mato Grosso e importou US$ 1,4 bilhão em madeira, em 2018. Embora o valor fosse suficiente para absorver toda a madeira exportada pelo Brasil no mesmo período, o país respondeu por apenas US$ 10 milhões do total. E uma parcela mínima saiu de Mato Grosso: US$ 1,1 milhão. “Mato Grosso exportou US$ 152 milhões em madeira para o mundo todo em 2018 e quase nada para a Coreia, que é uma grande compradora. Essa é apenas uma das oportunidades que identificamos de imediato”, destaca Gustavo.
O empresário Silvio Rangel, vice-presidente da federação, destacou o setor biocombustíveis como um dos pontos fortes de Mato Grosso. “Houve grande interesse por parte do público presente, especialmente na questão do etanol de milho, que é uma oportunidade muito atrativa na nossa região, permitindo que sejamos cada vez mais relevantes nesse mercado”, afirma Silvio. Ele destaca ainda o potencial para produção de celulose, que já tem um projeto em andamento em Alto Araguaia e está aberto a propostas de investidores.
Também existe um grande interessa nas oportunidades geradas pelo agronegócio e na verticalização. “A existência de linhas de financiamento para a instalação de empresas coreanas aqui com taxas menores que 1% ao ano são um grande atrativo, assim como a perspectiva da ZPE, que eles querem conhecer, pois acreditam que é possível replicar em Mato Grosso o mesmo modelo que foi implantado em Pecém, no Ceará”, enumera Gustavo. “Isso sem contar a possibilidade de acesso aos incentivos locais, como Prodeic e Sudam, dois diferenciais para a atração de novas empresas que despertaram bastante interesse entre os participantes”.