Os ataques aéreos realizados na última semana pelos Estados Unidos no aeroporto de Bagdá, no Iraque causaram tensão na perspectiva da economia global para 2020.
A operação militar americana no Iraque foi responsável pela morte de Qassem Soleimani, comandante da força de elite Quds do Irã. Segundo o analista Samuel Torres, da Capital Research, o evento trouxe forte tensão aos mercados devido ao receio do início de uma guerra entre os dois países.
O mercado financeiro mundial e também do Brasil já sentiu um pouco a tensão. O índice Bovespa, principal indicador do desempenho médio das ações negociadas na B3, encerrou o segundo pregão do ano na última sexta (03), com queda de 0,73%, aos 117.706 pontos. O volume de negócios atingiu R$ 29,1 bilhões.
Todos principais mercados do mundo encerraram em queda: a maior de todas foi do índice Dax, de Frankfurt, que recuou 1,25%. S&P 500 e Dow Jones caíram 0,71% e 0,81%, respectivamente. Na Ásia, as bolsas de Tóquio e Xangai fecharam em queda de 0,76% e 0,18%, nesta ordem.
Embora as tensões tenham aumentado no mercado internacional, a aposta brasileira é no mercado interno.
Segundo o Banco Central (BC), a economia nacional deve crescer 2,2% em 2020. Para o ano passado, a alta prevista pela instituição é de 1,2% — o resultado oficial do PIB será conhecido em março. Na visão de analistas, investimentos privados e setores como o comércio tendem a avançar mais em 2020, o que amenizaria as perdas externas.
Comércio Internacional
O cenário internacional para 2020 não é bom. A contribuição do comércio exterior deve ser negativa no PIB brasileiro, com baixa nas exportações e alta nas importações, diminuindo o saldo da balança. É muito difícil ter alguma reversão de expectativas — frisa o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
O ataque dos Estados Unidos contra o Irã criou instabilidade na economia. O aumento previsto no preço do petróleo deve gerar impacto na inflação no mundo inteiro. Ou seja, é mais um fator que pode desacelerar o desempenho da economia global — explica o consultor Welber Barral, ex secretário de Comércio Exterior.
Em 2019, as exportações brasileiras caíram 6,4%, para US$ 224 bilhões, conforme dados do Ministério da Economia. Com a redução nos embarques, o saldo da balança comercial, que mede a diferença entre as vendas externas e as importações, diminuiu para US$ 46,7 bilhões.
Foi o menor superávit desde 2015. Ou seja, o Brasil exportou mais do que comprou de parceiros comerciais no período, mas a diferença entre os negócios encolheu.