Pequenos produtores de leite da região oeste de Mato Grosso poderão parar a entrega do produto, a partir de 1º de abril, caso os laticínios não concordem em reajustar o preço do litro, que atualmente varia entre R$ 0,77 e R$ 1,02, para R$ 1,17. A decisão foi tomada em votação durante a audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa, na última sexta-feira (6), na sede do Sindicato Rural de Pontes e Lacerda e que reuniu produtores de todos os municípios da região, além de prefeitos, vice-prefeitos,vereadores e representante do governo estadual. O setor de laticínios não enviou representante ao debate.
O deputado autor da proposta da audiência, Valmir Moretto (Republicanos), anunciou que levará a informação, oficialmente, ao governador Mauro Mendes para que se possa articular uma solução. “Vamos articular junto ao governo uma reunião para debater política pública para toda a cadeia produtiva”, afiançou. Além do reajuste no preço, os produtores querem assistência técnica dos órgãos de governo mais presente; que haja uma contrapartida dos laticínios em fornecer assistência técnica aos pequenos produtores, além de programas que contribuam para que os jovens possam estudar e permanecer no campo.
A decisão de paralisação a partir de abril foi tomada durante fala do presidente do Movimento Beba Mais Leite, Cristiano Alvarenga. Os produtores reclamam que a região tem o menor preço pago por litro entre as regiões mato-grossenses. Alvarenga citou dados disponíveis no site do Imea e que mostram os preços segundo as regiões mato-grossenses, sendo: centro-norte R$ 1,16; centro-sul R$ 1,01; médio-norte R$ 1,09; nordeste R$ 1,17; sudeste R$ 1,16 e oeste R$ 1,02.
“Precisamos que o produtor de leite seja mais respeitado, precisamos discutir políticas públicas com a união das classes produtoras”, disse o prefeito de Pontes e Lacerda, Alcino Pereira Barcelos (Republicanos). “Que tenhamos um preço de leite que compense os investimentos do produtor”, emendou o prefeito de Vale de São Domingos, Geraldo Martins da Silva (PSB).
O agricultor Marildo Prachedes, de Curvelândia, vende seu leite ao preço de R$ 0,77 e falou das dificuldades de sobreviver a este valor. “Não dá para pagar os custos e a família fica passando dificuldades. Precisamos de melhoria no preço, da Empaer mais presente e que o valor seja com base no que gastamos para produzir e não pela indústria dizendo quanto quer pagar”.
O secretário-adjunto de Estado de Agricultura Familiar, Carlos Alberto Simas de Almeida, que representou o governador no evento, explicou que o estado está trabalhando no incentivo à cadeia produtiva do leite pelo programa de fomento à melhoria do plantel em três perspectivas: doação de embriões, melhoria de sêmen e doação de fêmeas. Ainda neste mês acontece a primeira transferência de embriões. “A empresa já foi licitada, já escolheu o lote e fará a transferência dos embriões agora em março para uma primeira geração com maior qualidade do gado”, explicou.
Inicialmente, serão distribuídos 600 embriões, com meta de chegar a 3 mil embriões doados em 2021. “Paralelo à distribuição, está sendo feito outro trabalho, de incremento de sêmen para que as fêmeas possam ter bezerros de melhor qualidade”, garantiu. Carlos Alberto disse também que a distribuição está sendo feita dentro de critérios estabelecidos com os pequenos produtores e através das cooperativas.