Na live do último sábado (4) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu que a pandemia do coronavírus terá um forte impacto na economia brasileira em 2020.
O encontro online foi realizado pela XP Investimentos com o presidente da instituição que regula o mercado financeiro no Brasil.
Roberto Campos Neto apresentou um estudo Economist Intelligence Unit, mostrando que a atividade econômica do país pode ter uma contração de 5,5% em 2020. No entanto, ele afirmou que é difícil traçar um cenário muito claro, devido à complexidade da pandemia no mundo.
"Coloquei aqui, mas não é uma estimativa do Banco Central, o estudo feito pela The Economist Intelligence Unit. Vocês conseguem ver o impacto do coronavírus no crescimento de diversos países. A gente consegue ver, pela estimativa deles, que o Brasil é um dos mais afetados", disse.
Campos Neto também citou problemas como o preço do petróleo como explicações para o resultado negativo de alguns países:
"Alguns dos países estão com crescimento mais baixo por conta do petróleo, outros porque são muito inseridos na cadeia global de valor, e estão sofrendo ruptura grande na produção" ressaltou.
O estudo britânico aponta que, neste ano, a Alemanha pode ter uma retração de 6,8%, ao passo que a Itália registraria um resultado negativo de 7%. O número do Brasil (-5,5%), porém, é superior ao do México e da Inglaterra, cuja projeção é de queda de, respectivamente, 5,4% e 5%.
O Banco Central, de acordo com as estimativas mais recentes do Relatório Trimestral de Inflação, publicado em 26 de março, avalia que o Brasil terá um crescimento nulo em 2020. Na última edição do relatório, publicada em dezembro, a projeção para crescimento do país era de 2,2% para este ano.
Déficit mais moderado
O jornalista e economista Luís Artur Nogueira já é mais moderado em sua projeção. Ele disse, também em vídeoconferência, realizada na última sexta-feira (3) com a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), que ainda este ano, o Brasil pode ter recuperação e os números serem amenizados.
Luís Artur citou um intervalo provável de 0% a -4%, sendo que o economista acredita que o Brasil deve encerrar 2020 com -2%, devido a recuperação gradual do país a partir do segundo semestre e a compensação do cenário ruim com o crescimento do agronegócio, que deve avançar 1%. Veja mais sobre esse assunto na matéria especial publicada pelo MT Econômico neste link.