Estamos passando por um tempo de transformações sem precedente na história recente. Mudanças que em tempos de calmaria poderiam levar décadas para se concretizar, são imediatamente incorporadas em pouco mais de dois meses de pandemia provocada pelo novo coronavírus. A revolução digital está aí para quem quiser ver. Das reuniões de trabalho aos programas de televisão, tudo se tornou, de uma hora para outra, online. Incontáveis "lives" e "webinars" nas redes sociais são rapidamente incorporadas no cotidiano de cada um, demonstrando que a informação agora está, de fato, a um clique de distância.
Este é também um tempo importante para o setor de alimentos. Por ser um serviço essencial, não parou, garantindo assim o abastecimento de comida para o Brasil e para o mundo. O Mato Grosso, em sua vocação de celeiro do mundo, rapidamente conquista novos mercados e garante a segurança alimentar mundial. Encaramos o desafio de promover a nossa carne em um contexto de incertezas e exigências crescentes quanto à confiabilidade dos alimentos ofertados. E isso é uma oportunidade para quem produz com responsabilidade, em conformidade com a complexa legislação socioambiental brasileira.
E é neste contexto que assumo a presidência do IMAC – Instituto Mato-grossense da Carne, um serviço social autônomo que reúne pecuaristas, frigoríficos e governo do estado. Quero começar por agradecer o apoio de expressivas lideranças desta cadeia e compartilhar as principais diretrizes que estarão norteando minha gestão à frente deste instituto de suma importância para o Mato Grosso. Sua principal missão é conciliar os interesses desses diversos elos da cadeia produtiva, gerando maiores ganhos para todos, benefícios para o estado, buscando demonstrar a real sustentabilidade do modelo de pecuária que é praticado a partir da adoção transparente de boas práticas, na expectativa de agregar valor e criar vantagens competitivas.
Nossa cadeia produtiva da carne não pode parar e é hora de fortalecer o alinhamento do setor. Nossa missão é mostrar para os mercados consumidores os diferenciais da nossa carne: sua sanidade, o cuidado do criador com a genética do seu rebanho, os cuidados no manejo dos animais, o cumprimento de uma exigente legislação ambiental, entre outros atributos.
Em um mundo com consumidores mais conectados e engajados, a chave para a diferenciação e criação de valor é a sustentabilidade, atributo presente em nossa pecuária, mas ainda pouco percebido pelo consumidor. Um estado que abate 5,5 milhões de cabeças de gado por ano ao mesmo tempo em que destina mais de 60% de seu território à conservação da vegetação nativa, deve ser reconhecido e valorizado. Se hoje a carne mato-grossense já acessa os mercados mais exigentes do mundo isso se deve, entre outros fatores, a um eficiente sistema de controle sanitário coordenado pelo INDEA, Instituto de Defesa Agropecuário do Estado do Mato Grosso, que atesta os cuidados excepcionais com o processo produtivo em todas as suas etapas.
Outro sentimento que me acompanha ao assumir esta nova missão é a sensação de estar em casa. Sou comunicador social por formação. Desta forma, me sinto preparado para o desafio de promover a nossa carne. Também venho de família de pecuaristas, que atua em Mato Grosso desde 1978. Tenho trabalhado há vários anos na defesa da pecuária sustentável com convicção de ser a melhor estratégia para produzirmos mais, respeitando o marco regulatório do Código Florestal e melhorando o "balanço de carbono" por arroba produzida. Praticamos hoje, no campo, modelos de produção que conciliam o aumento da produtividade com o equilíbrio ambiental e social, ampliando os possíveis mercados consumidores. Trata-se de acessar mercados cada vez mais exigentes em garantia de origem, bem-estar animal, segurança sanitária e alto teor nutritivo na carne que recebem em seus pratos, aliando qualidade com sustentabilidade.
Encaramos, neste momento, um desafio adicional: promover a nossa carne em um contexto de incertezas nos mercados e exigências crescentes quanto à confiabilidade dos alimentos ofertados. Mas estou confiante, pois dou andamento aos esforços de meus antecessores na criação e consolidação do IMAC, que já se antecipavam no caminho indicado para o momento atual: o fomento a uma produção sustentável, rastreável e confiável do ponto de vista sanitário. As adaptações que o novo contexto de saúde pública mundial nos impõem já foram assimiladas. Estamos prontos para continuar entregando, aos melhores mercados, um produto sustentável e de excelência: essa é a Carne de Mato Grosso.
* Caio Penido, empresário e pecuarista, é presidente do Imac e do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), além de um dos coordenadores do movimento Liga do Araguaia.
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