Os pecuaristas e criadores de suínos devem pagar mais pelo milho de Mato Grosso para suprir a ração dos animais. Isso deve ocorrer por conta da valorização do cereal e estimativa de crescimento na demanda.
“O milho que a gente comprou por R$ 30 foi a R$ 70 e agora estamos na fase da arroba em decadência”, disse Aldo Rezende Telles, presidente da Nelore-MT.
"Temos a certeza do custo elevado e se a suinocultura não for remunerada de acordo ao custo, teremos um ano no vermelho”, disse o presidente da Acrismat, Itamar Canossa.
O MT Econômico ressalta que outro desafio dos produtores é superar a possível escassez do cereal. Não há mais estoques como nos anos anteriores, então, agora a nova forma de trabalho será através de contratos futuros. Os produtores terão que se adaptar à essa nova realidade.
Aumento na demanda
Muitas usinas tem produzido etanol usando como base o milho. As plantas flex, que produzem etanol a partir da cana e do milho vem crescendo em Mato Grosso.
A estimativa de crescimento na demanda do milho este ano é de 5% na área cultivada, com produção de mais de 36 milhões de toneladas, o que deve ser recorde, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A previsão é que a demanda pelo milho aumente 30% em Mato Grosso.
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As usinas do Estado devem atingir quase 7,5 milhões de toneladas de milho para produção de etanol em 2020/21, valor bem considerável. A estimativa é bem mais do que 50% do consumo interno em Mato Grosso, que está indo para o etanol. "As perspectivas, olhando para o lado da indústria de processamento de milho, é muito boa. E é importante a gente falar que, desses 7,5 milhões de toneladas que são processados, em torno de pouco mais de 1 milhão viram DDG que em boa quantidade está sendo usado aqui dentro do estado, para consumo animal”, disse o analista do Imea Marcel Durigon.
O aquecimento da demanda causa desequilíbrio e pode deixar o balanço de oferta e demanda pelo cereal bem apertado no mercado interno. “Estamos vendo a disputa pelo milho entre, por exemplo, o consumo para as fábricas de ração e as indústrias de etanol, o que acaba afetando os preços. Hoje, as indústrias estão procurando os produtores mais cedo para comercializar e garantir um milho mais cedo, mas a parte de consumo para ração está muito incerta ainda”, disse o analista.