Há 10 anos, menos de 60% dos brasileiros tinham acesso às instituições financeiras, de acordo com dados do Banco Mundial. Isso significa que mais da metade da população usava dinheiro para fazer transações. Trata-se de um costume que por muito tempo esteve arraigado em nossa cultura por uma série de motivos, como a percepção de maior controle sobre a renda, o desconhecimento em relação ao funcionamento do sistema financeiro do país e o medo de contrair dívidas.
O que vemos hoje, no entanto, é uma mudança significativa nesse cenário, sobretudo nos últimos meses. Em isolamento social, as pessoas optaram por meios digitais para fazer e receber pagamentos e, aos poucos, estão revendo antigos hábitos de consumo. Ao mesmo tempo, há uma evolução crescente na indústria com a oferta de novos meios de pagamento para atender às demandas da sociedade.
Dados do Banco Central, divulgados em outubro de 2020, são um bom indicador: eles mostraram que quase 10 milhões de brasileiros se “bancarizaram” desde março de 2020, no período em que surgiram os primeiros casos de Covid-19 no país. Mesmo assim, segundo o mesmo levantamento, ainda existiam 36 milhões de pessoas sem relacionamento com instituições bancárias. Uma lacuna considerável!
E o que consumidores, empresas e governos ganham com isso? É inegável que trocar o dinheiro pela adoção de meios de pagamento digitais traz um círculo virtuoso de vantagens: o aumento da segurança, comodidade e agilidade, a redução das despesas nas transações, a oportunidade de acesso a programas de benefícios, a eficiência na gestão do negócio, o acesso a dados e a disponibilidade de crédito são algumas delas. Sem falar, mais recentemente, na questão da higiene como um diferencial no combate à proliferação do vírus.
Sem dúvida, esse movimento de bancarização ganhou tração com o auxílio emergencial. Para receber o recurso, foram abertas contas digitais, as quais estarão disponíveis mesmo após o término do auxílio. Em parceria com a CAIXA, por onde o beneficiado recebe o auxílio, disponibilizamos dentro do aplicativo CAIXA Tem um cartão de débito virtual da Visa para o usuário realizar compras e, além disso, concorrer a uma série de prêmios.
Foi uma maneira que encontramos de estimular e agregar valor a esse importante processo de inclusão financeira e social que acompanhamos nos últimos meses, em uma iniciativa que busca contribuir para o desenvolvimento econômico e fazer com que pessoas, empresas e governos prosperem.
Ecossistema em ebulição: mais gente se beneficiando
À medida que boa parte da população sem acesso a serviços bancários passa a aderir a novos meios de pagamento, a indústria se reinventa para oferecer tecnologias mais eficientes, seguras e convenientes a esses novos usuários. Dentro desse ecossistema em ebulição, noto um esforço de todos os players no sentido de democratizar o acesso e promover a inclusão digital e financeira.
Um bom exemplo é a popularização dos meios de pagamento instantâneos, como as transações por WhatsApp. Com esse serviço, usuários pessoas físicas do app no Brasil, clientes dos emissores participantes do programa, podem transferir dinheiro entre si com a mesma comodidade e rapidez com que trocam mensagens e figurinhas. Existe um potencial enorme de inclusão se pensarmos que a grande maioria dos brasileiros já usa o WhatsApp diariamente como plataforma de comunicação.
Do lado dos empreendedores, a tecnologia Tap to Phone permite que eles recebam pagamentos por aproximação direto no seu smartphone ou tablet sem a necessidade do uso de uma maquininha. Basta instalar um software, como se fosse um aplicativo, e habilitar as transações junto a um credenciador num mais econômico e seguro.
É uma tecnologia especialmente promissora para pequenos negócios num momento crítico como o que estamos vivendo. Imagine que um artesão, o dono da quitanda do bairro ou a senhora que vende bolos na esquina podem, com o Tap to Phone, receber pagamentos de forma simples e barata com seu celular, desde que credenciados para tanto. O comerciante ganha um benefício valioso na palma de sua mão.
Ainda temos uma grande missão pela frente para construir um futuro mais equânime e sem barreiras para as próximas gerações e levar os benefícios do mundo digital a todos. Nas palavras do secretário-geral da ONU António Guterres, “precisamos colocar a tecnologia digital a serviço daqueles que mais precisam: os mais vulneráveis, marginalizados, os que vivem na pobreza ou sofrem de todo tipo de discriminação”.
Eduardo Barreto, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Visa do Brasil