A criação de novas ferramentas, que facilite a vida de clientes, pode estimular um crescimento de até 30% em volume de empréstimos e financiamentos. A exemplo do Pix, que caiu nas graças dos consumidores, as novas tecnologias têm potencial para aumentar o capacidade de crédito no País.
Para alguns especialistas, o setor está iniciando uma década de grandes transformações e uma revolução no crédito, que hoje é uma das áreas mais carentes do sistema financeiro nacional. Em comparação com outros países, o crédito no Brasil representa 64% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto na China é de 165%, 176% no Japão e 191% nos Estados Unidos.
A previsão é de crescimento de 30% no volume de empréstimos e financiamentos concedidos. “Estão sendo criadas condições para promover uma verdadeira revolução no financiamento das empresas brasileiras”, diz o economista Carlos Antonio Rocca, coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe).
Uma inovação que deve provocar mudanças mais significativas é o Open Banking, já usado em outras partes do mundo. A plataforma é um compartilhamento de informações entre as instituições financeiras. Com essa abertura, qualquer banco poderá ter o histórico do cliente, como a vida financeira e hábitos de cada um.
Na visão do diretor da área bancária da consultoria Roland Berger, João Bragança, em dois ou três anos o Brasil deverá sentir a mudança no Market share por conta dessa inovação. “A expectativa é que o Open Banking elimine intermediários e barreiras competitivas. Isso vai colocar todo mundo no mesmo ringue”, explica.
Ele aponta para uma redução da rentabilidade dos grandes bancos, com queda de até R$ 110 bilhões de receitas com a implementação do Open Banking e entrada de outras instituições no mercado.
Para o diretor financeiro da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Renan Schaefer, o Open Banking vai chegar para o consumidor em forma de mais competição, novos produtos financeiros, mais crédito, taxas de juros menores e novas garantias. “As PMEs (pequenas e médias empresas), por exemplo, envolvem um mercado que sempre foi negligenciado pelos grandes bancos. As fintechs podem ajudar a melhorar o ambiente de negócios”.
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