Dados divulgados pelo IBGE e analisados pelos técnicos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) confirmam uma realidade em Mato Grosso: o recuo na oferta de leite, causado especialmente pela baixa remuneração ao criador. O recuo foi consolidado em 2020, em mais de 4% em relação ao ano anterior e em 2021 outra queda vem se consolidando.
O IBGE divulgou os dados referentes à pecuária de leite em 2020 que mostram a realidade da produção local. Naquele ano, Mato Grosso produziu o total de 618 milhões de litros, decréscimo de 4,10%, em relação ao ano anterior.
Uma das formas que os produtores têm feito para aumentar a produção de leite é a rotação de pastagens, conforme noticiado pelo Mato Grosso Econômico anteriormente aqui.
Como avaliam os técnicos do Imea, na ótica regional, os dados do IBGE mostram que apenas as regiões sudeste e médio norte apresentaram aumento no volume de leite produzido, com acréscimos de 3,26% e 1,28%, respectivamente. Já o norte mato-grossense, se destacou como maior produtor (135,13 mil litros), apesar do recuo de 2,02% em comparação ao ano anterior.
Entre as demais macrorregiões, vale destacar a significativa baixa de produção da região oeste (-12,25%), visto que foi a maior produtora de leite do ano de 2019. “A queda de produção observada na região oeste está pautada por uma maior evasão de produtores da atividade, o que é reflexo do aumento do custo de produção. O cenário de desestímulo à produção de leite também abrangeu outras regiões do Estado em 2020, além do baixo volume de chuvas do último trimestre daquele ano”, pontuam os técnicos do Órgão.
Em 2021, por exemplo, o recuo segue se refletindo nos dados. Conforme a última sondagem do IBGE, em setembro, a captação de leite no 2º trimestre desse ano foi de 107,17 milhões de litros no Estado, o que significa um recuo de 15,96% em relação ao 1º trimestre. “O recuo na captação é sazonalmente comum nesta época do ano, visto que no mês de março se inicia o período de entressafra da cadeia leiteira (com final em setembro). Porém, notou-se que o volume captado no 2º trimestre é 8,87% menor que o captado no mesmo período do ano passado. Diante disso, foi visto que, além dos fatores climáticos, a queda na captação apresentou outros fatores balizadores, como a saída de produtores da atividade e a baixa demanda por lácteos”, aponta o Imea.
Para o 3º trimestre a captação de leite no Estado deve apresentar nova queda, de modo que os fatores citados ainda são visíveis no atual cenário.
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