Dezessete por cento da população de Mato Grosso integram uma cooperativa de crédito. De acordo com dados do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso (Sistema OCB/MT), o número total de cooperados no Estado chega a 632.965, enquanto o de habitantes é de 3.567.234, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cooperativismo de crédito é um modelo que avança exponencialmente no mercado financeiro e que tem grande capilaridade tanto em relação à distribuição geográfica como ao número e tipos de negócios. Hoje, as cooperativas representam 10,74% do estoque de empréstimos e financiamentos no Brasil e a meta do Banco Central é que chegue até 2025 com 20% do bolo.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que o cooperativismo incrementa do Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, além de ampliar o número de trabalhos formais em 6,2% e ainda o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%.
No trabalho, os especialistas comparam o cenário econômico de cidades que não tinham e as que tinham cooperativas em 23 anos (1994-2017). O presidente do Conselho de Administração do Sicoob de Primavera do Leste, Edson Luiz Dapper, atribui os números aos avanços na administração das unidades e o relacionamento próximo entre cooperativa e cooperado, independente do porte financeiro.
“Temos um trabalho mais presente no agro por conta da aptidão financeira dos municípios que atuamos. Então, estamos acompanhando de perto as variações de câmbio e alta de preços e como impactam nos negócios dos grandes proprietários e dos agricultores familiares. Ainda mantemos uma atenção sobre os associados, pessoas físicas. Nos solidarizamos com a situação dos que passam dificuldades porque queremos que o cooperado viva bem dentro da cooperativa e fora ela”, afirma.
IR AONDE OS BANCOS NÃO VÃO – Em 42 cidades de Mato Grosso, as cooperativas são a única instituição financeira com unidade física para atendimento. O presidente do Sicredi Ouro Verde, Eledir Pedro Techio, diz que isso acontece porque a abertura de agências pode envolver dois objetivos, o resultado econômico e o resultado social.
“Nossa missão é atuar em prol de uma sociedade próspera e a presença da agência na cidade é de suma importância, principalmente para os pequenos comerciantes e pessoas físicas. Temos números que comprovam o desenvolvimento alcançado”, explica.
Techio lembra que Mato Grosso já tem cases de sucesso em relação ao desenvolvimento a partir da presença da cooperativa de crédito. Entre eles está Lucas do Rio Verde, onde existem agências de vários bancos. Porém, cerca de 45% da cidade é fiel à cooperativa de crédito.
E, ao mesmo tempo em que existem exemplos em cidades no auge da prosperidade, Techio lembra que outros municípios ainda estão caminhando, como é o caso de Alto Paraguai, uma cidade que está entre os piores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado (IDH).
“Lá as pessoas precisavam ir para outra cidade receber benefícios, auxílios e salários. Então, tinham que pagar pela passagem, que chegava a R$ 100, e ainda deixavam parte do dinheiro em compras no município vizinho. Agora, os comerciantes da cidade aumentaram as vendas e as pessoas que moram lá têm mais dinheiro no bolso”, esclarece.
Vale lembrar que um estudo feito pelo especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) mostra que os bancos tradicionais têm em média um limite mínimo de oito mil habitantes para abrir uma agência, uma cooperativa de crédito tem capacidade de abertura em municípios a partir de 2,3 mil habitantes.
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