Logo após as rodadas da Conferência Mundial do Clima, a COP26, a pecuária brasileira mostra seus resultados e projetos para adoção de práticas de pecuária sustentável, que também contribuem para a mitigação dos gases de efeito estufa. Durante o 12º Dia de Campo da Liga do Araguaia, pecuaristas da região do médio Araguaia Mato-grossense, além de centenas de pessoas on line, debateram, em Água Boa (MT), os próximos passos para que exista um sistema robusto e replicável de gestão de boas práticas, incluindo a medição da redução de emissões via remoção de carbono pelas pastagens melhoradas, gerando um balanço positivo no modelo tropical a pasto adotado no Brasil e apto a receber pagamento por serviços ambientais (PSA).
“Esse é o nosso passaporte para o futuro, com a melhor gestão, redução da idade de abate, intensificação e balanço de carbono”, enumera Caio Penido, pecuarista presente na COP26, em Gasglow, na Escócia, e um dos fundadores da Liga do Araguaia. Ele afirma que a “as agendas ambientais, climáticas e de sustentabilidade estão dispostas e temos de sentar à mesma mesa, conversando para chegar em acordos positivos, fazendo justiça para valorizar o que tem de ser valorizado”, completa, referindo-se ao empenho na conservação dentro das fazendas.
Modelo de sucesso, a Liga do Araguaia é um movimento de pecuaristas que atuam em 13 municípios do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. Para participar, o pecuarista precisa aderir a um ou mais projetos em implantação, sendo que dois deles estão em franca expansão: Rebanho Araguaia, voltado à gestão da produção e sustentabilidade e Conserv Araguaia, que oferece compensação financeira por áreas excedentes de Reserva Legal.
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No evento, José Carlos Pedreira de Freitas, coordenador da Liga do Araguaia, apresentou cada um dos projetos e principais resultados já obtidos pelo movimento, destacando àqueles voltados à gestão de boas práticas e mensuração de emissões e remoções de gases de efeito estufa.
Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, fez referência à COP26 e ao acordo de redução do metano lembrando que os países produtores de carne, como o Brasil, serão afetados, porém, “diferente de outros que terão de reduzir rebanho, temos vantagens comparativas em razão do nosso modelo de pecuária a pasto”. No evento, o pesquisador da Embrapa reconheceu que a Liga do Araguaia é um modelo que está à frente em práticas e em entendimento sobre o tema. “Esse é um grupo seleto na pecuária brasileira e já engajado com a temática”, afirmou.
AVANÇAR – Em sua apresentação, trouxe indicações para uma pecuária de baixo carbono brasileira, como o investimento em um bezerro de qualidade, melhoria da dieta pensando em aditivos alimentares redutores de emissão de metano e redução da idade de abate, práticas conservacionistas e manejo adequado de pastagens, além de adubação e integração lavoura-pecuária-floresta. “O foco é a qualidade do sistema de produção. O carbono é um indicador e o produto uma consequência”, finalizou.
Confiante nos bons resultados já alcançados, produtores da região norte do Vale do Araguaia mato-grossense solicitaram que a Liga do Araguaia possa ampliar sua atuação para outras regiões do Estado. Também pelo evento on line, pessoas de outras regiões se manifestaram interessadas em conhecer o modelo sustentável adotado pelo movimento.
A Liga do Araguaia conta com membros fundadores, plenos e efetivos, empresas e entidades parceiras em diferentes. O evento está disponível na integra no site www.ligadoaraguaia.com.br
A LIGA DO ARAGUAIA – Desde 2015 a Liga do Araguaia lidera um movimento pela adoção de práticas de pecuária sustentável no Vale do Araguaia mato-grossense. Seu objetivo é promover o desenvolvimento econômico e social da região, por meio do aumento da produtividade e renda, respeitando a legislação vigente e os limites dos sistemas naturais. As 62 fazendas que o compõem o movimento correspondem a 149 mil hectares de pastagens com 47 mil hectares em processo de intensificação e um rebanho estimado de 130 mil cabeças.