Uma parceria entre Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), Prefeitura Municipal de Sorriso (MT) e Embrapa Agrossilvipastoril deu início à implantação de uma Unidade de Referência Tecnológica de Sistema Silvipastoril para pecuária de corte em pequena propriedade. O plantio das primeiras árvores foi realizado de forma coletiva durante um dia de campo realizado no assentamento Jonas Pinheiro. A propriedade escolhida para receber a URT foi a de Dionleno Antônio Bagatini. A área total do sítio é de 14 hectares.
“Detectamos a necessidade de orientar os produtores do Assentamento Jonas Pinheiro em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. Então fizemos todo o diagnóstico de quais áreas poderiam ser atendidas e se tornar uma Unidade Demonstrativa. Definimos essa área dele e pedimos ajuda da Embrapa para orientar essa implantação”, explica a coordenadora de Projetos e Eventos do CAT Sorriso, Cristina Delicato.
O planejamento do sistema silvipastoril foi feito por meio de um grupo técnico de trabalho que contou com representantes das três instituições envolvidas na atividade e com o produtor. Após diagnóstico da área e das demandas do produtor, optou-se pela utilização de renques com linhas simples de árvores margeando as cercas dos seis piquetes já formados na propriedade. Inicialmente foram arborizados apenas três piquetes, como forma de escalonar a área inutilizada temporariamente até o crescimento das árvores.
“É uma questão tanto de estética da propriedade quanto do bem-estar animal e agregação de renda com a extração da madeira e alimentação animal. A minha intenção é a de fazer todos os perímetros da propriedade em três anos. A expectativa é muito boa”, afirma o produtor.
Leia também: Sistemas ILPF têm menores perdas de solo, água e nutrientes, frisa Embrapa Sinop
Foram utilizados consórcios de eucalipto (H13) com leguminosas, como gliricídia, leucena e bordão de velho. Na ponta das linhas também serão plantadas mudas de baru.
“O planejamento ocorreu como forma de complemento de renda. O componente florestal deverá, além de melhorar a ambiência para os bovinos, fornecer outros serviços ecossistêmicos para o sistema de produção, tais como fornecer renda, fixar biologicamente o nitrogênio e, ainda, funcionar como fonte de proteína na suplementação alimentar do rebanho”, explica o pesquisador e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Wruck.
A opção pelo eucalipto H13, de múltiplos usos, abre a possibilidade de retirar pranchas ou mesmo mourões para construção de cercas. A gliricídia, leucena e o bordão de velho serão usados para aumentar a proteína na dieta do gado. O baru, por sua vez, visa ser uma fonte de renda extra com a coleta de castanhas.
Enquanto as árvores estiverem pequenas, serão protegidas por cerca elétrica para evitar que o gado as danifique. Na medida em que crescerem, os animais poderão se beneficiar do conforto térmico da sombra.