A cotonicultura mato-grossense tem tudo para ‘reembalar’ na safra 2021/22. Depois de um corte de área de cerca de 15%, a fibra deve voltar a se expandir, e assim como a soja, ter um ciclo de recordes. A perspectiva para 2022 tem se desenhado otimista para a produção de algodão no Estado, como destacam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
“O adiantamento da semeadura da soja possibilitou uma janela ‘mais tranquila’ para o cultivo do algodão segunda safra e com a perspectiva de um maior percentual de área dentro da janela ideal de cultivo, os riscos quanto à produtividade esperada tendem a diminuir”. Em Sapezal, no oeste mato-grossense, por exemplo, a colheita da soja começa neste final de semana e cerca de 70% de toda área destinada à oleaginosa será safrinha de algodão. “O mesmo clima confortável registrado pelos produtores da região, durante o desenvolvimento da soja deverá se estender ao algodão”, explicou o produtor José Guarino Fernandes.
Diante desse cenário, espera-se que a área da safra 2021/22 seja ampliada em 14,69% ante a safra 2020/21, ficando projetada em 1,10 milhão de hectares.
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Para a produtividade, a projeção inicial indica alta, o que poderá se concretizar em uma oferta de 1,96 milhão de toneladas de pluma. “Mesmo com a maior oferta no Estado, o preço da pluma futura para o contrato dezembro (paridade de exportação) valorizou 57,17% no comparativo anual, fechando com média de R$ 162,35/@, devido à alta na cotação da pluma na Bolsa de Nova York e do dólar, além do basis positivo. Por fim, é importante monitorar alguns fatores que poderão impactar o mercado de algodão em 2022, como: avanço da nova variante (Ômicron), fator climático e a demanda da China”, completam os analistas.
A ÚLTIMA SAFRA – Em 2021, a área de algodão para a safra 2020/21 apresentou corte de 15,02% ante a safra 2019/20. A postergação da semeadura do algodão empurrou grande parte das áreas para fora da janela ideal, período em que historicamente são observados menores volumes de chuvas no Estado. Diante desse cenário, as áreas mais tardias foram afetadas com o estresse hídrico, o que refletiu na redução da produtividade. A produção total reduziu em 23,05% ante a safra passada, ficando consolidada em 4,00 milhões de t de algodão em caroço. Por outro lado, o preço da pluma disponível atingiu níveis recordes no ano, alcançando uma média anual de R$ 166,96/@, alta de 73,05% quando comparado com 2020. “Tal avanço nos preços está atrelado à valorização do dólar, ao acréscimo no preço da pluma na Bolsa de NY e à forte demanda do mercado. A menor produção neste ano afetará as exportações da pluma em Mato Grosso, onde é aguardada uma queda de 34,04% nos envios ante a safra passada (projetada em 1,09 milhão de t)”, explicam os analistas.