Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apesar dos preços históricos das commodities, há certo receio em travar vendas em razão das incertezas potencializadas pelos conflitos no leste europeu, que tendem a encarecer insumos agrícolas, especialmente os fertilizantes. Mesmo que o preço esteja atrativo, há dúvidas se ele será suficiente para pagar as contas da nova safra.
Segundo os levantamentos do Imea, houve uma elevação no preço médio do milho em Mato Grosso de 2,07% ante a semana anterior, ficando cotado em média a R$ 79,38 a saca (sc). O valor atual é 13% superior à média dos negócios registrada em igual momento do ano passado, R$ 69,13. Mesmo que haja tendência de elevação, a maior evolução dos preços ocorreu na comparação anual entre 2021 e 2020, quando o cereal estava em cerca de R$ 39,83 nesse mesmo período de comparação.
Ainda em relação ao milho, os analistas explicam que devido aos impasses no leste europeu o preço do cereal negociado na CMEGroup (Bolsa de Chicago), apresentou um acréscimo de 2,09% comparado à semana passada. Na Bolsa brasileira, o preço médio do milho fechou em alta de 1,31% quando confrontado com a semana passada, com preço médio de R$ 102,11/sc
Revertendo a alta para a posição de compra, as safras 2020/21, 2021/22 e 2022/23 de milho apresentaram avanços de 0,91 pontos percentuais (p.p.), 2,31 p.p. e 1,15 p.p. ante janeiro, respectivamente, e finalizaram o mês com 99,69%, 50,79% e 6,51% da produção esperada já negociada, na mesma ordem.
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Para o mês, os destaques foram os preços médios, que apresentaram aumentos significativos de 10,01% na safra 2020/21, 10,77% na 2021/22 e 7,88% na 2022/23. “Esse cenário se deve, principalmente, à valorização dos contratos corrente e futuro na CME-Group, um reflexo das preocupações do mercado com o abastecimento das commodities em meio aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia. No caso da safra 2020/21, aliada ao fator anterior, há também a menor oferta do produto no período. Já para a safra 2022/23, outro fator que contribui para a elevação nos preços é a crescente incerteza do mercado futuro quanto à oferta de insumos, bem como o comportamento dos preços”.
Em relação à soja, os preços da saca disponível no Estado acompanharam o mercado internacional, com acréscimo de 3,30% em relação à semana passada, com a saca ficando em cerca de R$ 180. A média também supera o registrado em igual momento do ano passado, quando a cotação estava em R$ 158,85, e assim como o milho, também exibe variação de pouco mais de 13%. O maior ganho sobre o preço é visto na comparação entre 2021 e 2020, quando a soja era vendida a R$ 77,60.
Ainda conforme o Imea, com o reflexo dos impactos geopolíticos enfrentados no mundo, a cotação da soja na CME-Group valorizou 2,69% no comparativo semanal. No mercado interno, com corte de produção em algumas regiões produtoras do país, a cotação da saca brasileira apontou crescimento de 2,47% nessa semana.
VENDAS SIM, MAS EM MENOR RITMO – Mato Grosso exibiu avanço de 6,10 p.p. na comercialização da safra 2021/22, o maior avanço para a safra até o momento, com 61,33% negociado. Apesar do bom avanço em fevereiro, o acumulado das vendas continua abaixo da média dos últimos cinco anos, devido à cautela nas negociações por parte dos produtores nos meses anteriores. Já para a safra 2022/23, 16,28% da produção estimada estão negociadas, com um avanço mensal (4,01 p.p.) menos expressivo em função das incertezas quanto à oferta de insumos e dos preços das commodities no mercado futuro, em decorrência dos conflitos geopolíticos que vêm ocorrendo entre a Rússia e a Ucrânia. “Cenário esse que impactou na forte valorização do preço médio mensal comercializado em fevereiro para ambas as safras, devido às altas na bolsa de Chicago. Para se ter uma ideia, no ciclo 2021/22, a alta nos preços foi de 10,74% frente ao mês anterior (R$ 179,75/sc), enquanto para a 2022/23, o preço foi elevado em 3,78% (R$ 159,67/sc)”.
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