Está vigorando desde ontem um novo embargo chinês à carne bovina brasileira. Na última quinta-feira, a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) anunciou em um comunicado em seu site, a decisão de suspender as importações de dois frigoríficos brasileiros de carne bovina e um dedicado à produção de carne de frango. Entre as plantas suspensas está a da Marfrig, em Mato Grosso. A medida valerá por uma semana.
Estão na lista temporária de embargos o frigorífico da Marfrig em Tangará da Serra (239 km a noroeste de Cuiabá) e a unidade da JBS localizada em Mozarlândia (GO), ambas de carne bovina, e a planta de carne de frango da Zanchetta, em Boituva (SP).
O anúncio incluiu ainda a suspensão de dois frigoríficos uruguaios. As autoridades chinesas não informaram motivos da decisão.
Desde o início da pandemia, a GACC vem impondo suspensões a frigoríficos do Brasil e também de outros países, nem sempre detalhando os motivos para a ação.
Em alguns casos, a medida teria sido adotada de maneira preventiva, após testes de Covid-19 nas cargas dar resultado positivo – ainda que não haja evidências da contaminação com o novo coronavírus a partir da ingestão de alimentos.
O órgão chinês não detalhou as razões para os embargos anunciados neste ano.
Em janeiro, a GACC suspendeu as importações da planta da São Salvador Alimentos, dona da Super Frango, localizada em Itaberaí (GO), e da unidade da Bello Alimentos, controladora da marca Frango Bello, que fica em Itaquiraí (MS).
A planta da JBS em Mozarlândia, uma das maiores da companhia no país, é reincidente nos embargos chineses.
No dia 11 de março, a GACC anunciou que interromperia por uma semana as compras de carne dessa unidade e também da planta da Frialto localizada em Matupá (MT).
Duas semanas depois, no entanto, em novo anúncio, os chineses informaram que o frigorífico goiano seria suspenso por tempo indeterminado.
Procurada, a Marfrig preferiu não comentar o assunto.
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1º TRIMESTRE – Conforme a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações totais de carne bovina no mês de março (somados os produtos in natura e processados) voltaram a superar 200 mil toneladas e são recorde para o mês, informou a com base nos dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/DECEX), do Ministério da Economia. A receita também foi recorde para o mês, superando a US$ 1 bilhão.
Em março, segundo a entidade, o país movimentou 203.494 toneladas obtendo uma receita de US$ 1,124 bilhão. Isso significou um aumento de 28% no volume em relação a março de 2021, com suas 159.422 toneladas, e de 57% na receita, com US$ 713,7 milhões em março do ano passado. Além do crescimento das exportações, os preços médios do produto subiram de US$ 4,41 no ano passado para US$ 5,31, computando-se os primeiros três meses do ano, segundo a Abrafrigo.
No primeiro trimestre de 2022, as exportações de carne bovina já acumulam movimentação de 545.751 toneladas, quantidade 33% superior à registrada no primeiro trimestre de 2021, com 411.025 toneladas. A receita, no período, saltou de US$ 1,81 bilhão para US$ 2,90 bilhões, numa elevação de 60%.
A China continua liderando as importações, com um total de 188.236 toneladas nos primeiros três meses do ano (+30,6% em relação a 2021). Na segunda posição vem os Estados Unidos, com 69.799 toneladas (+395%). O Egito está em terceiro lugar com o acumulado de 47.706 toneladas (+262%), enquanto que Hong Kong reduziu suas compras para 29.566 toneladas (-49%), ficando na quarta posição. No quinto lugar está o Chile, com 18.679 toneladas (+2,6%), em sexto Israel, com 14.663 toneladas (+44,4%) em sétimo os Emirados Árabes, com 13.011 toneladas. Na oitava posição vem Filipinas, com 12.845 toneladas (-11,6%) e na nona posição está a Rússia, com 10.666 toneladas (+105%), no trimestre. No total, 96 países ampliaram suas importações no primeiro trimestre do ano, enquanto que 41 reduziram suas compras.
Quando somadas às vendas para a Cidade-Estado de Hong Kong, as exportações de carne bovina para a China totalizaram 275,3 mil toneladas e US$ 1,65 bilhão, refletindo uma participação de 50,45% e 57,11%, respectivamente, em relação às exportações totais do primeiro trimestre do ano. As exportações de março ficaram abaixo apenas da movimentação registrada em setembro de 2021 (218.529 toneladas e receita de US$ 1,19 bilhão) e de agosto de 2021 (211.833 toneladas e receita de US$ 1,17 bilhão, informou a Abrafrigo.