A procura por gasolina tem sido maior nos postos e o consumo de etanol, que ultrapassava o do derivado de petróleo, agora está numa proporção bem reduzida, em cerca de 50% para cada uma das matrizes consumidas em Mato Grosso.
Nos dois primeiros meses do ano, por exemplo, o consumo do etanol caiu 26%. O volume vendido do derivado da cana ou do milho ficou em 111,1 milhões de litros. Por outro lado, a preferência pela gasolina resultou em um comércio 112 milhões de litros. Em 2021, o volume de etanol foi de 150,1 milhões de litros e o de gasolina ficou em 84,2 milhões de litros. Esse movimento era ‘tradição’ no Estado, desde que o etanol passou a ser mais viável financeiramente, frente ao derivado de petróleo, a partir de 2010.
Como aponta o Sindipetróleo/MT, o resultado atual revela mudança no comportamento do consumidor mato-grossense. Aproximadamente 65% de quem abastecia carro flex, optava por etanol e apenas 35% escolhia a gasolina. O cenário atual mostra essa proporção dividida meio a meio, praticamente, apontando grande preferência pela gasolina.
Conforme a entidade, os donos de postos avaliam que a mudança na preferência do consumidor não se trata de um comportamento passageiro, já que o preço do etanol continua acompanhando as altas da gasolina, reajustes esses que são realizados primeiramente pelas usinas e distribuidoras e, por consequência, são repassadas pelos postos às bombas.
O consumo de combustíveis aumentou no Estado quando se compara o primeiro bimestre desse ano ante ao mesmo intervalo do ano passado. Conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram 943,99 milhões de litros ante 841,13 milhões comercializados entre janeiro e fevereiro.
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DIESEL – O setor percebeu o impacto da redução de apenas 1% no ICMS do diesel e também confirmou uma demanda aquecida no campo e no transporte de cargas. O Estado expandiu a comercialização do diesel, essencial para o agronegócio, e o volume consumido passou de 673 milhões de litros em janeiro e fevereiro. Em 2021, no mesmo período, o total consumido foi de 562,9 milhões de litros. O incremento é de 19,6%. Nesses dados, constam as vendas realizadas à agricultura e que não passam pelos postos revendedores.
Outro dado importante é o crescimento de 34% no consumo do diesel S-10, que contém menos partículas de enxofre comparando com o diesel S-500. Do total de 673 milhões de litros, 396,9 milhões referem-se ao S-10. Isso quer dizer que mais veículos, com a nova tecnologia que exige combustível menos poluente, estão nas ruas.
ARRECADAÇÃO ESTADUAL – Cresce o consumo, expande a arrecadação estadual. Na comparação anual houve um salto de 79,4%, pois passou de R$ 490,2 milhões para R$ 879 milhões. “Mesmo o Estado diminuindo a alíquota, a arrecadação cresceu. Esse é só mais um indício de que a cobrança tributária está em desequilíbrio e quem está sendo penalizado é o consumidor. Não é justo que os impostos cresçam seguindo as oscilações dos combustíveis no mercado internacional. O sinal está claro: é preciso rever as alíquotas e a forma de cobrança”, explica Nelson Soares, diretor-executivo do Sindipetróleo.
No momento, os preços que servem de base para cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estão congelados até junho. Contudo, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Complementar 192/22, que prevê a incidência por uma única vez do ICMS sobre os combustíveis. A partir de 1º de julho, entrará em vigor a alíquota única a ser estabelecida para tipo de combustível, que valerá em todo o país. Ainda há uma discussão sobre de quanto será a alíquota.
Possível recuperação do etanol
O etanol sentiu os efeitos da redução da demanda e já registrou queda nos postos de Mato Grosso nas últimas semanas. Conforme publicado pelo MT Econômico, o biocombustível pode ter ainda mais redução, caso a produção da próxima safra tenha crescimento e gere aumento da oferta no mercado interno. No entanto, para o preço cair também depende de alguns fatores econômicos mais favoráveis.
Vale lembrar que antes da pandemia o etanol era comercializado a R$ 2,19 e hoje está no patamar médio de R$ 4,75 em Cuiabá, capital de Mato Grosso.
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