Uma série de fatores tem deixado o mercado revendedor de combustível extremamente volátil, vulnerável às oscilações de preços, em boa parte, até semanais. Entre os eventos que atingem em cheio o mercado está a redução do ICMS, a alta dos derivados de petróleo pela Petrobras, a alta em geral sobre custos das revendas e custo dos combustíveis e mais internamente, a chamada ‘guerra de preços’, que desde a virada do mês vem trazendo para baixo os valores de bomba da gasolina e do etanol hidratado, especialmente em postos de Cuiabá e Várzea Grande.
Na tarde de ontem, por meio de uma ‘nota de esclarecimento’, o Sindicato que representa os postos de combustíveis, em Mato Grosso (Sindipetróleo) veio a público trazer alguns esclarecimentos acerca da diferenciação de preços “num mercado tão similar e, ao mesmo tempo, tão concorrido”.
“O Sindicato, em nome de seus associados, defende a livre concorrência e que os órgãos competentes sempre investiguem suspeitas de práticas anticoncorrenciais no setor e entende que existe uma situação em que a variabilidade dos preços no varejo supera a variabilidade nas distribuidoras, por força da concorrência. Porém, preços abaixo ou muito próximos do custo de aquisição abrem margem para suspeitas de dumping econômico, uma prática que consiste em vender produtos por preços que não cobrem sequer os custos de produção/aquisição com o objetivo de eliminar a concorrência, que não consegue vender mais barato e aumentar a participação de mercado de uma empresa. Se comprovada, é uma prática ilegal. Situação em que os órgãos deveriam estar atentos”, denuncia a entidade.
Como diz ainda a nota, a “diferenciação de preços entre regiões e onde existe um mercado de combustíveis muito similar e, ao mesmo tempo, tão concorrido levanta questionamentos. É uma indagação que tem sido feita ao setor, principalmente neste momento em que a sociedade está tomando mais consciência dos custos dos combustíveis”.
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O Sindicato elenca as informações:
1) O varejo de combustíveis acaba tendo características diferentes no interior do Estado com relação à Grande Cuiabá, onde estão concentrados cerca de 250 de pouco mais de 1.000 existentes em Mato Grosso. Na Capital, a concentração em volume de postos e de combustíveis vendidos é maior e isso por si só já é um fator que diferencia os preços em Cuiabá e Várzea Grande de outras cidades mais distantes;
2) Os preços no interior do Estado ainda possuem em sua composição o custo do transporte do combustível;
3) É preciso considerar que mesmo sendo um mercado fragmentado, com tantas unidades, não está salvaguardado de uma competição predatória entre fornecedores e entre os próprios postos que levam o valor de bomba a preços abaixo do custo ou muito semelhantes ao custo de aquisição junto às distribuidoras;
4) A concorrência predatória não se sustenta por muito tempo e é por isso que se vê na cidade tantos postos fechados, que não suportaram os custos;
5) O que o setor percebe ainda é que os órgãos estão focados nos postos, quando poderiam começar também sua atuação nas distribuidoras. Afinal, a baixa vai depender do preço de aquisição junto às distribuidoras. Porém, a mesma fiscalização e exigências não ocorrem com a mesma ênfase e publicidade nas distribuidoras.
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