A relação de troca entre fertilizantes e soja em 2022 segue favorável e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que, do volume já adquirido do insumo, metade tenha sido negociada por meio de contratos de barter. Isto sinaliza que os produtores estão aproveitando a boa relação para travar os custos da safra futura cada vez mais cedo.
Ainda conforme o Imea, em julho a comercialização de soja para a safra 2021/22 apresentou o menor avanço, desde outubro do ano passado, apenas evolução de 1,70 pontos percentuais (p.p.) se comparado a junho, e, alcançou 83,93% da produção. “A justificativa do baixo avanço, é devido ao recuo de 0,99% no preço da saca, cotado na média do Estado em R$ 162,92/sc. A queda no preço médio só não foi maior em julho devido ao avanço do dólar na última semana do mês, período em que alguns produtores aproveitaram para negociar sua produção”, aponta o Instituto.
Para a safra 2022/23, foram observados poucos volumes vendidos em julho, devido ao preço que permaneceu pressionado e às incertezas quanto ao tamanho da safra. Desse modo, a comercialização avançou apenas 0,17 p.p. ante a julho, atingiu 25,51% da produção, estimada em 41,51 milhões de toneladas (t). “Em relação ao preço médio comercializado, a soja apresentou desvalorização de 0,96% ante o mês passado, cotada a uma média de R$ 152,03/sc no Estado”.
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PROJEÇÕES – O novo levantamento de safra 2202/23 realizado no mês de julho com os agentes de mercado, em Mato Grosso, trouxe a manutenção das projeções divulgadas na primeira estimativa. “Apesar da cotação da soja em Chicago apresentar desvalorização no mês de julho ante ao mês passado, devido à expectativa de recessão econômica mundial e o menor consumo da China na safra 2021/22, o otimismo e o maior investimento em área semeada para a próxima safra continuam firmes até o momento segundo os relatos dos informantes. Desse modo, a intenção de área foi mantida em 11,81 milhões de hectares, aumento de 2,92% ante a safra 2021/22, se projetando como a maior área de todos os tempos”, destacam os analistas.
Em relação à produtividade, os olhares se voltam a questão climática, visto que restam menos de 45 dias para o fim do vazio sanitário da soja em Mato Grosso. A média dos modelos climáticos do NOAA, apontam chuvas dentro das médias históricas para o mês de setembro. O maior volume de precipitações está previsto para outubro, período que praticamente todo Estado poderá receber chuvas acima da média histórica. Por outro lado, espera-se que até o final do ano o fenômeno La Niña predomine no Estado, o que pode gerar série de mudanças nos padrões climáticos, como atrasos nas precipitações no início da primavera em Mato Grosso. Além disso, outros pontos podem influenciar na safra, como: ocorrência de pragas e doença, incertezas dos investimentos em insumos e tecnologia para a temporada — devido ao alto custo de produção — e a indefinição quanto a entrega dos insumos nas lavouras. Diante desse cenário, as projeções para o rendimento ficam limitadas e por isso, o Instituto permanece estimando 58,58 sc/ha para safra 2022/23, indicando um recuo inicial de 1,26% em relação aos rendimentos da safra 2021/22”.
Diante dos cenários traçados e das estimativas acerca de área plantada e produtividade, a produção da safra 2022/23 continua estimada em 41,51 milhões de toneladas de soja, representando uma alta de 1,62% ante a safra 2021/22, um novo recorde na oferta do grão para Mato Grosso.