Jair Bolsonaro acusou Lula de corrupção em seu governo e alegou que nos 14 anos de gestão do PT, a Petrobras adquiriu uma dívida de R$ 900 bilhões. O fato ocorreu durante o Debate Band 2022 que aconteceu entre os candidatos à presidência realizado no último domingo (29) pela emissora de televisão. O MT Econômico checou a informação e verificou que é fake news essa afirmação do atual presidente. Veja mais na matéria a seguir.
“Daria para fazer 60 vezes a transposição do Rio São Francisco”, alega Bolsonaro.
O MT Econômico acompanhou o debate da TV Band e preparou uma matéria especial com os principais trechos do encontro entre os presidenciáveis. A discussão foi acalorada entre os candidatos Bolsonaro e Lula, além dos demais oponentes que criticaram ambos.
Os temas mais relevantes foram: corrupção, educação, economia, saúde e segurança. Em relação à corrupção, o debate foi acalorado entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Corrupção na Petrobras: Bolsonaro X Lula
Os dois candidatos que vem polarizando o cenário político, dividindo o país entre esquerda e direita e arrastando uma legião de apoiadores, abriram a primeira rodada de perguntas, que já começou aumentando a temperatura entre Lula e Bolsonaro.
O presidente Bolsonaro, que está concorrendo a reeleição pelo PL, optou pelo tema ‘corrupção’ em sua primeira pergunta e o escolhido para responder foi o ex-presidente Lula (PT), que disputa novamente o cargo de chefe da nação.
Bolsonaro alega que a Petrobras em 14 anos de governo do PT, adquiriu uma dívida de aproximadamente R$ 900 bilhões. Segundo ele, daria para fazer 60 vezes a transposição do Rio São Francisco. Ele continua dizendo que esse valor, também é equivalente a 120 vezes o orçamento do Ministério da Infraestrutura e finaliza alegando que delatores devolveram aproximadamente R$ 6 bilhões após o processo de investigação da Lava Jato que ocorreu na Petrobras.
“Ex-presidente Lula, o senhor quer voltar ao poder para quê?”, finaliza Bolsonaro, passando a palavra para o ex-presidente.
Lula contesta o oponente dizendo que “citar inverdades e números mentirosos não é viável na televisão”. Ele alega também, que de todos os governos até hoje, sua gestão foi a que mais realizou ações contra a corrupção, tais quais: o portal da transparência, a lei anticorrupção, a lei da transparência, a lei contra crime organizado, organização do COAF, dentre outras.
Com o direito de resposta, Bolsonaro trouxe à tona o Banco Central e citou a conta bancária no exterior do ex-presidente Lula, que segundo ele, é no valor de 300 milhões de reais. Afirmou que Lula recebia propina no valor mensal de 50 mil reais de Antonio Palocci (ex-ministro da Casa Civil, que atuou tanto no governo Lula quanto na gestão de Dilma) e que, supostamente, os valores eram utilizados para conseguir apoio no Congresso.
Finalizando a primeira rodada de perguntas e respostas com esse tema, Lula destaca que foi no governo dele que a Petrobras cresceu e ganhou destaque no mercado exterior, captando mais de 70 bilhões de dólares. Aponta também, os investimentos na educação e aos microempresários. “é exatamente isso que é a marca do meu governo! Haviam 3,5 milhões de jovens nas universidades e quando eu sai do governo já eram mais de 8 milhões”. Ele finaliza dizendo que antes do governo dele, o Brasil nunca cresceu tanto com relação ao comércio exterior e que foi graças à sua gestão que o país ultrapassou a marca de 500 bilhões de dólares em transações internacionais.
Melhoria do SUS: Soraya Thronicke X Tebet
A candidata à presidência pelo partido União Brasil, Soraya Thronicke, escolheu o tema ‘saúde’ e optou por chamar sua adversária Simone Tebet para a resposta.
Thronicke aponta que milhares de pessoas estão esperando na fila do SUS por algum procedimento médico. Isso se agravou durante a pandemia, já que os procedimentos marcados foram adiados e/ou cancelados. Ela finaliza perguntando quais são as propostas de Tebet para reduzir essa fila e ajudar a população que depende do sistema de saúde pública.
“Nós acabamos de sair de uma pandemia […]. Pandemia essa que poderia ter sido muito melhor gerida se o presidente da república fosse sensível à dor alheia. Lamentavelmente, o momento que o Brasil mais precisou do presidente, ele virou as costas para a dor das famílias enlutadas e negou vacina para o povo brasileiro”. – Simone Tebet.
Ela acrescenta que fez parte da CPI da Covid e viu o atraso de 45 dias para realizar a compra dos imunizantes. Segundo ela, muitas mortes poderiam ter sido evitadas se a compra tivesse sido feita antes. Tebet finaliza respondendo à pergunta de Soraya, dizendo que pretende decretar estado de calamidade pública para poder criar um crédito extraordinário com a finalidade de enviar dinheiro para os Estados realizarem exames atrasados.
De volta à palavra, Soraya concorda com a agilidade do SUS para o sistema vacinal, mas assevera que eles [os presidenciáveis] não podem dizer se o sistema funciona ou não, já que não o utilizam. Ela continua alegando que tem um projeto para melhorar esse serviço.
“Nós iremos usar toda a capacidade da iniciativa privada para complementar o SUS e com isso, agilizar o atendimento das pessoas.” – Soraya Thronicke.
Investimento em Educação: Felipe D’Ávila X Ciro Gomes
Felipe D’Ávila inicia o seu discurso dizendo que é preciso melhorar a educação para que o país possa crescer e se desenvolver.
“Neste Brasil, que gastamos 5,8% do PIB com educação há tantos anos, as crianças continuam não aprendendo, os professores continuam não ensinando, eu te pergunto: o que é que precisamos fazer para acabar com esse descalabro da educação? Recentemente, tivemos mais de 4 ministros da Educação, roubo no FNDE como sempre, o que precisamos fazer para ter uma educação de qualidade?”, pergunta D’Ávila à Ciro Gomes.
Ciro responde que “com o dinheiro que é fornecido para a área, já era possível ter uma educação de qualidade”. Diz também, ser necessário mudar o padrão da educação, já que o país se encontra atrasado com relação aos conteúdos fornecidos nas salas de aula das escolas públicas. “O padrão oferecido hoje nas escolas hoje, salvo algumas exceções, é do século dezenove, é o ‘decoreba’, é o ensino ‘sem graça’. Em tempos de Google isso é puro lixo. É preciso oferecer uma educação com um padrão mais digital. Outra questão é o financiamento. O Brasil gasta per capta muito menos do que países da Europa e Estados Unidos e hoje somos obrigados a competir com eles”, ressalta Ciro.
Felipe diz que é necessário que o país invista em educação profissionalizante, para reduzir a evasão escolar dos jovens, priorizar a formação dos professores e mensurar a educação dos alunos.
Ciro encerra essa rodada concordando com o seu adversário e acrescenta a necessidade de uma remuneração salarial melhor para os professores. Ele diz também, que o seu governo será voltado para a educação.
Os temas mais discutidos nesse debate foram a corrupção e a educação. Apesar dos candidatos estarem ‘afiados’ nas perguntas e respostas e também terem demonstrado propostas de melhoria para o país, as pesquisas recentes apontam um possível segundo turno entre Lula e Bolsonaro.
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Pesquisa Eleitoral
A pesquisa eleitoral estimulada realizada pelo BTG Pactual/FSB dessa semana, mostra que Lula tem 43% das intenções de votos, enquanto Bolsonaro tem 36% em todo o território nacional.
Centro-Oeste e Mato Grosso
Já no Centro-Oeste, Bolsonaro está na frente com 43% das intenções de voto, enquanto Lula tem 39%. Em Mato Grosso, esse número sobe para 52% a favor do atual presidente, contra 32% do petista.
Em pesquisa espontânea publicada essa semana em Sinop/MT, realizada pelo Real Dados/Só Notícias, os eleitores apontaram uma diferença ainda maior entre Bolsonaro e Lula. Vale ressaltar que o município é importante região do agronegócio mato-grossense.
Os dados revelam segundo gráfico abaixo, 51,3% dos eleitores a favor de Bolsonaro e 23,3% pretendem votar em Lula. Ciro Gomes tem 2,8% das intenções de voto, Simone Tebet e Felipe D´Ávila com 0,5% cada, Soraya Thronicke não pontuou em Sinop.
As eleições vão ocorrer em 2 de outubro de 2022, então, ainda é cedo para decretar um vencedor. Embora, desde já, é possível afirmar que essa vai ser uma das disputas presidenciáveis mais acirradas da história do país.
Checagem da dívida da Petrobras
O número apresentado por Bolsonaro é exagerado. Nenhum dos valores registrados em documentos oficiais se aproxima de R$ 900 bilhões.
Após o impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT) em 2016 a dívida bruta da Petrobras era de aproximadamente R$ 398 bilhões, segundo balanço oficial do terceiro trimestre de 2016 publicado pela estatal.
Matéria especial MT Econômico: Isadora Sousa e Alessandro Torres
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