Depois de um período de lentidão, comum no final de ano, o mercado do algodão brasileiro começa a ensaiar uma recuperação no ritmo de compras. “Os negócios estão iniciando uma retomada após o período das festas, porém, ainda estamos sentindo a demanda um pouco fraca e, por outro lado, as ideias de preços entre compradores e vendedores aparecem um pouco distantes. Estamos vendo alguns negócios no spot principalmente no mercado doméstico e para o externo principalmente para safra 2023/2024”, relata João Paulo Lefèvre, presidente do Conselho de Administração da Bolsa Brasileira de Mercadorias e sócio da Lefèvre Corretora.
Para este ano, as perspectivas para a pluma brasileira estão otimistas. É esperada uma produção próxima de 3 milhões de toneladas, das quais, pelo menos metade já está comprometida, segundo Lefèvre. “Isso ainda nos dá boas possibilidades de negócios para 2023 com a pluma”, comenta. Porém, segundo ele, o que não dá para estimar é quanto do produto da safra anterior ainda está disponível em estoque para ser comercializado.
Mato Grosso, maior produtor nacional da pluma, ainda aguarda pelos efeitos do clima, que poderão ou não, confirmar projeções. Como pontuam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as perspectivas futuras para o mercado do algodão indicam retração no consumo. “Com as incertezas quanto à economia mundial, somadas às restrições comerciais na China, que visam conter o avanço da Covid-19 no país, o USDA estima uma redução de 2,84% no consumo do algodão na safra 2022/23 ante a 2021/22, fator que vem afetando negativamente os preços da pluma na Bolsa de NY. Esse cenário tem desestimulado as negociações em Mato Grosso, sendo observada uma desaceleração nas vendas da pluma da safra futura”.
Leia também: Exportações de MT encerram 2022 como começaram: com recordes
Ainda conforme o Imea, as vendas da safra 2022/23 – com cultivo já feito em algumas regiões do Estado – em novembro de 2022 atingiram 52,51% da produção estimada para o ciclo, 0,13 ponto percentual (p.p.) atrás da média dos últimos cinco anos. Com isso, a expectativa para a safra 202/23, é que não haja incremento na área, mantendo os 1,18 milhão de hectares registrados na safra 2021/22. No entanto, estima-se uma produção de 4,91 milhões de toneladas de algodão em caroço, 12,19% superior à do ciclo 21/22, pautada pela expectativa de um melhor rendimento para a temporada. “Por fim, há fatores ainda em aberto, como o clima, que serão determinantes para que essa projeção se concretize”.
OFERTA E DEMANDA – Recentemente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de janeiro de oferta e demanda mundial de algodão para a safra 2022/23, apontando uma produção global de algodão em 115,4 milhões de fardos. Na safra anterior, a produção global ficou em 111,49 milhões de fardos. O Brasil é um dos maiores produtores de algodão no mundo. Por aqui, os trabalhos do plantio da safra 2022/23 começaram em novembro e os prognósticos são de uma produção de 3,1 milhões de toneladas, alta de 27% ante os anteriores 2,5 mi, segundo projeções da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Em termos de volume, o mercado doméstico deve ser responsável por comprar aproximadamente 700 mi/ton do produto nacional, enquanto as vendas externas devem ficar em torno de 2,3 mi/ton.