Apenas sete estados brasileiros conseguiram diversificar suas exportações para a China no período de 2012 e 2021: os três da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas e Mato Grosso. Todos os demais tiveram concentração das vendas, quando é considerada a participação dos 10 principais produtos no total embarcado. Por esse critério, a China registrou um nível de concentração superior ao de todos os outros parceiros comerciais do Brasil. No período analisado, os 10 principais produtos exportados representaram 90,6%, em média, do total das vendas para a China.
Essas são algumas das conclusões do estudo Exportações dos Estados Brasileiros para a China: Cenário Atual e Perspectivas para Diversificação, que identifica 216 produtos com potencial de ampliação de vendas para a China. Se essas oportunidades foram aproveitadas, haverá uma relativa desconcentração da pauta.
Escrito pelo especialista em comércio internacional Fabrizio Panzini, o trabalho mostra que as exportações do Brasil para a China cresceram cinco vezes mais que os embarques para o mundo entre 2012 e 2021. Em todas as regiões do Brasil, a expansão das vendas ao país asiático superou a média das exportações totais no período. Em 2021, a China era o principal destino das exportações de 19 dos 27 entes federativos.
Em termos regionais, o Sudeste e o Sul possuem o maior número de produtos com oportunidades de crescimento das exportações à China nos próximos anos, como 151 e 150, respectivamente. Também são as regiões com maior potencial de diversificação com bens de mais alto valor agregado. O Nordeste exibe o terceiro maior número de produtos com oportunidades (112 no total).
Quando se analisam as oportunidades por setores, notam‐se concentração em sementes oleaginosas, minérios e combustíveis, cujos produtos principais já dominam a pauta atual para a China. Mas o estudo identifica outros setores com um número importante de bens a serem explorados para diversificação, entre os quais peles e couros (7 produtos), carnes (8), ferro fundido, ferro e aço (9), pedras e gessos (11), produtos químicos orgânicos (11), madeira e obras de madeira (15) e máquinas e equipamentos (19).
Excetuando aqueles produtos em que o Brasil já possui participação elevada no mercado chinês, destacam-se oportunidades em relação aos seguintes bens: ferro fundido bruto não ligado, produtos de nióbio, outros resíduos de soja, milho, miudezas de suíno congelada, minérios de cobre, minérios de manganês, madeira serrada, celulose (de não conífera), madeiras de não coníferas, fumo não manufaturado, cátodos de cobre, ferroníquel, polietilenos, miudezas de frango, ferronióbio, celulose para dissolução, óleo de soja e semimanufaturas de ferro e aço não ligadas.
A identificação dos produtos com potencial de ampliação nas vendas para a China foi realizada a partir do Mapa Estratégico de Mercados e Oportunidades Comerciais para as Exportações Brasileiras da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). As simulações dos potenciais ganhos de exportação até 2030 foram realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com a utilização de um modelo destinado a avaliar impactos de variáveis sobre os fluxos de comércio internacional dos países.