Na semana passada, começamos a falar do momento industrial brasileiro e mundial. Dois temas tão densos e complexos que precisam ser desdobrados em diversas frentes de análise para que possamos compreender suas consequências e qual o futuro possível para Mato Grosso e para o Brasil neste novo cenário que está se desenhando. Mas o ponto central é: o Brasil deve mesmo falar em reindustrialização? Ou seria melhor fomentar uma nova indústria, criando estratégias para uma neoindustrialização?
Primeiro, precisamos conceituar a diferença entre as duas estratégias: a neoindustrialização é um conceito que se refere à reestruturação produtiva das economias que passaram por um processo de desindustrialização ou perda de competitividade industrial. Ela envolve a adoção de novas tecnologias, a diversificação da matriz energética e a busca por uma maior sustentabilidade ambiental.
No caso do Brasil, a meu ver, a neoindustrialização é uma necessidade para superar os desafios impostos pela globalização, pela crise econômica e pela transição para uma economia de baixo carbono. Para ser mais competitivo mundialmente, o Brasil precisa diversificar sua pauta exportadora e investir em setores de maior valor agregado e intensidade tecnológica, sempre tendo em mente que possui vantagens competitivas e comparativas naturais muito fortes.
Um dos pilares da neoindustrialização no Brasil é a energia limpa, ou seja, aquela que não emite gases de efeito estufa ou poluentes na sua geração ou uso. O Brasil possui um grande potencial para explorar fontes renováveis de energia, como a solar, a eólica, a biomassa e a hidrelétrica. Essas fontes podem reduzir a dependência do país dos combustíveis fósseis e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.
Outro pilar da neoindustrialização no Brasil é a economia verde, que se baseia no uso eficiente dos recursos naturais e na preservação dos serviços ecossistêmicos. A economia verde busca promover o desenvolvimento econômico sem comprometer o meio ambiente ou as gerações futuras. Ela envolve a adoção de práticas como a produção orgânica, a reciclagem, o ecodesign e a ecoeficiência. De novo, fortalezas brasileiras de vantagem comparativa em escala mundial.
Por fim, um terceiro pilar da neoindustrialização no Brasil é a economia circular, que se opõe ao modelo linear de extração-produção-consumo-descarte. A economia circular propõe um ciclo fechado de materiais e energia, onde os resíduos são transformados em novos insumos ou reintegrados à natureza. Ela visa minimizar os impactos ambientais e maximizar o aproveitamento dos recursos. Investindo em tecnologia, o Brasil pode rapidamente ser uma liderança mundial nesta área, exportando tecnologia brasileira para o mundo todo e atraindo empresas de classe mundial para implantarem aqui suas operações.
Em suma, a neoindustrialização no Brasil é mais do que um desafio: é realmente uma oportunidade para o país se inserir na nova ordem mundial com mais competitividade e responsabilidade socioambiental. Para que isso aconteça, é preciso investir em educação, ciência, tecnologia e inovação; fortalecer as políticas públicas; estimular o empreendedorismo; e fomentar a cooperação entre os diferentes atores sociais. E falaremos semana que vem sobre o papel de Mato Grosso nesta nova estratégia brasileira.
Gustavo de Oliveira é empresário e Presidente do Movimento MT Competitivo
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