Alguns imóveis de médio e alto padrão se valorizaram mais de 150% e o mercado sentiu menor impacto diante da crise econômica. Essa constatação foi feita a partir de dados dos últimos anos de empreendimentos da construtora Plaenge de Cuiabá e pequisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), sobre volume de vendas no ano passado em todo o país.
Em 2022, conforme análise da pesquisa da Abrainc publicada no portal, o segmento imobiliário de médio e alto padrão (MAP) registrou aumento de 67% nas vendas, melhor saldo histórico. Isso mostra que apesar da alta da inflação e baixo crescimento do PIB brasileiro, essa categoria de empreendimento está sendo cada vez mais procurada pelos consumidores e investidores.
O MT Econômico entrevistou o gerente regional da Plaenge Cuiabá, Diogo Marchioto que fez um panorama do mercado imobiliário, principalmente no segmento de imóveis de médio e alto padrão.
Com a Taxa Selic estagnada num teto elevado em 13,75% e a bolsa de valores sofrendo o impacto de desvalorização e volatilidade de ativos, os investidores ficam receosos com o mercado financeiro. Diante disso, muitos acabam optando por investir em imóveis, trazendo mais segurança patrimonial e rentabilidade satisfatória, mesmo em cenário de crise e instabilidade econômica.
De acordo com dados da construtora Plaenge de Cuiabá houve uma valorização expressiva em diversos empreendimentos dessa categoria de imóveis de médio e alto padrão. O empreendimento Supéria registrou em 10 anos valorização de 145%. Já o Splendore valorizou mais de 150% em 8 anos. O Essenza teve em 6 anos valorização de 97% e o empreendimento Felicitá valorizou 50% num período de 5 anos.
Além, do cenário econômico, outro fator que conta muito é o período transitório de um governo para outro. Diogo aponta que essa situação sempre causa uma instabilidade no mercado.
“Com uma mudança de governo, o mercado sempre sente um pouquinho, sem entrar em questão partidária. É um governo novo, como há 4 anos atrás, a gente também teve uma mudança de governo, então, na economia o que a gente mais escutava é ‘temos que aguardar os 100 primeiros dias de um novo governo’. Nós sentimos essa recuada dos clientes porque vinha uma mudança política e precisava aguardar esses 100 dias, só que o cliente quer investir, ele quer comprar e a gente sentiu também que o alto padrão teve um aumento nas vendas”, afirma.
Essa afirmação do executivo se confirma através da pesquisa da Abrainc, onde apesar da diminuição dos lançamentos em 2022, a compra de imóveis de médio e alto padrão aumentou, consolidando uma tendência que vem aparecendo no mercado desde 2020 e 2021. Há diversos fatores que compõem o aumento na venda dos imóveis de médio e alto padrão, dentre eles a inflação e os juros que estavam mais baixos, entre 2020 até 2022; além da bolsa de valores, que à época, registrava uma média de 120 a 130 mil pontos e hoje está a uma média de 100 a 105 mil pontos. Determinamos ativos na bolsa se desvalorizaram mais de 50%. Isso faz os investidores preferirem investimentos mais sólidos para aplicar o seu dinheiro, por isso a compra de imóvel aumenta em cenários econômicos como este.
“Com isso, o cliente acaba procurando uma parte de segurança e claro que ele procura rentabilidade. A gente fala que o ‘tijolo’, o apartamento em si, ele te dá essa remuneração, essa rentabilidade. A gente sentiu que teve essa migração de investimento, é um dinheiro que ‘tava’ guardado, aplicado e que ele [comprador/investidor] acabou investindo num imóvel, para ter retorno maior ao longo do tempo e segurança do dinheiro também”, assegura Diogo.
Retrospectiva
Na época da Copa do Mundo em 2014 ocorreram diversas obras em função de preparar a cidade para receber o evento e com isso, ocorreu um ‘boom’ imobiliário, como conta Diogo. “Todas as construtoras colocaram bastante produtos, tentando atender aquele ‘efeito Copa’. Depois, houve uma retração no mercado, tinha passado o momento Copa”, contextualiza.
Segundo o executivo, “a gente estava com muita oferta, tinha muito estoque de produto residencial, comercial em Cuiabá. Isso, em 2021 já começou a refletir, então as construtoras precisaram começar a trabalhar nesse estoque e aí, a gente chega na pandemia. Na pandemia por que esse crescimento? Porque as pessoas precisaram ficar dentro de casa, a gente não podia transitar, só saia de casa para atender as necessidades básicas, como a questão do supermercado. E muitas empresas também – nós mesmos da Plaenge, em menos de 24 horas, colocamos todo mundo em home office.
Como as pessoas passaram a ficar muito tempo dentro de casa, elas começaram a observar que a suas residências precisavam de reparos, reformas. Especialmente com todos os moradores daquele imóvel juntos diariamente, muitos perceberam a necessidade de aumentar os espaços ou simplesmente se mudar para um local maior e esse é o principal motivo para o crescimento das vendas, além de quererem mais segurança, o que as levaram para apartamentos e condomínios fechados.
Necessidade de espaço
Hoje em dia, está cada vez mais comum os apartamentos ficarem menores, de um modo geral. Embora isso não ocorra com empreendimentos de médio e alto padrão, que possuem plantas maiores, a falta de espaço é um problema cada vez maior para o cliente em geral, principalmente porque algumas pessoas nunca abandonaram o home office. O problema é que, quando o cliente precisa montar o seu escritório em casa, ele perde um quarto que poderia ter outra função, algo que segundo Diogo, a Plaenge pensou e adaptou.
“Na Plaenge e na Vanguard nós acabamos adaptando a questão do apartamento, na área privativa e em áreas comuns para o cliente poder trabalhar em home office”, explica.
Diogo ressalta também que alguns lançamentos da construtora terão todo um espaço pensado para a demanda do cliente, que necessita de um home office e estúdio em casa, nessa era que estamos vivendo de produção digital.
“O Arch Cuiabá, que fica ali na região do Jardim Cuiabá, tem esse cenário de gravação, principalmente pro youtuber, pra uma entrevista. Hoje tem a questão do podcast, toda essa parte que acaba ficando muito no home office, a gente desenvolveu um espaço que já vamos entregar todo equipado com ferramenta, microfone para aquele morador que é influencer, youtuber, já vai produzir o seu conteúdo em um ambiente adequado”, descreve o gerente regional da Plaenge.
Outro empreendimento para esse ano de 2023 é o Aughe. “A Plaenge lançará em junho, e a construtora está trabalhando com o estudo do arquiteto Ronaldo Rezende, que está responsável pelo projeto e que foi premiado internacionalmente por dois outros projetos, também com a Plaenge.
Para 2024 a construtora lançará mais dois novos projetos, embora Diogo não tenha ainda entrado em mais detalhes.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: