Depois do início da colheita do milho, em maio, chegou a vez de mais uma cultura de segunda safra começar a deixar as lavouras mato-grossenses: o algodão. A safra 2022/23 está sendo colhida em algumas regiões do Estado e já iniciou chamando à atenção pela velocidade dos trabalhos: mesmo incipiente, o ritmo está bem acima do registrado em igual momento da safra passada e na média dos últimos cinco anos, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Ontem, o Imea divulgou o primeiro relatório da colheita do algodão da safra 2022/23. Até sexta-feira (16), 0,37% dos 1,20 milhão de hectares estimados para a atual temporada já havia sido colhido, 0,25 ponto percentual (p.p.) à frente do registrado na safra 2021/22.
Em relação às regiões do Estado, o destaque fica para a porção nordeste, que alcançou 5,08% da área plantada já colhida, seguida pelas regiões oeste e sudeste, com 0,21% e 0,24% do total, respectivamente. “O ritmo mais lento nas primeiras semanas está relacionado à colheita nas áreas de primeira safra, que representam 15,26% do total. É importante destacar que foi observado um aumento de 19,65% na porção destinada à primeira safra em relação à temporada 2021/22. Portanto, a colheita deve acelerar quando as áreas de segunda safra começarem a ser colhidas”, apontam os analistas do Imea.
De acordo com o NOAA, não devem ocorrer chuvas significativas nas próximas semanas, o que deve favorecer o ritmo de colheita e não deve afetar características da fibra, como a cor e o brilho.
ANÁLISE – De acordo com o 9º levantamento dos indicadores da safra 2022/23 do algodão em Mato Grosso, foi registrado um aumento de 3,61% na área semeada de algodão ante o último relatório, conforme o Imea.
Leia também: Fundação MT avalia danos e populações de lagartas no algodoeiro
Diante do reajuste positivo nas estimativas de área e produtividade do algodão, espera-se uma produção de 5,22 milhões de toneladas de algodão em caroço e 2,17 milhões de toneladas de pluma, volumes 19,13% e 19,77% maiores que o consolidado da safra passada, respectivamente.
Desse modo, é estimada uma área recorde de 1,20 milhão de hectares de algodão, com incremento de 1,86% quando comparado com a consolidada na safra 2021/22. “Vale ressaltar que o percentual de aumento foi registrado nas áreas de primeira safra, uma vez que os cotonicultores estavam visando ter um maior percentual de áreas semeadas dentro das condições consideradas ideais para a cultura”, explicam os analistas.
Diante dessa alteração, é previsto uma área de 183,03 mil hectares de primeira safra (+19,65 ante a safra 2021/22) e 1,02 milhão de hectares de algodão segunda safra (-0,80% ante a safra 2021/22).
Em relação à produtividade média para o Estado, espera-se um rendimento de 289,89 @/ha, 16,96% superior ao registrado no ciclo passado e 4,18% maior que o último relatório. Cabe destacar que as condições climáticas, até o momento, têm contribuído para o bom desenvolvimento das lavouras, inclusive das que foram semeadas fora da janela considerada ideal para a cultura. “No entanto, é importante lembrar que possíveis incidências de pragas, doenças e chuvas intensas no período da colheita são fatores ainda incertos e que podem interferir na produtividade final do Estado”, alertam os analistas.