A colheita do milho da safra 2022/23 foi encerrada na semana passada em Mato Grosso. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apesar do atraso no início dos trabalhos a campo, a colheita nesta temporada fechou com 0,10 pontos percentuais (p.p.) frente a média das últimas cinco safras, driblando o atraso que foi marcando a colheita deste ciclo. Mesmo acelerando os trabalhos na reta final e colhendo uma safra recorde de mais de 51 milhões de toneladas (t), o encerramento deixa um gosto amargo e um sinal de alerta: os custos da nova safra estão acima do ponto de equilíbrio do cereal.
Conforme o Imea, os dados de custo de produção do milho da safra 2023/24 do Projeto Rentabilidade, do Senar/MT. Segundo o relatório, o custeio de julho ficou em R$ 3.368,08/ha, retração de 0,70% ante a junho. Esse declínio foi impulsionado pela diminuição no custo com operações mecanizadas, defensivos e fertilizantes de 3%, 0,88% e 0,87%, respectivamente.
Dessa forma, com o ajuste no custeio, aliado ao recuo nas despesas com arrendamento, o custo operacional efetivo (COE) ficou em R$ 4.588,18/ha, 0,74% a menos que em junho. Apesar da queda no COE, o preço comercializado do milho no Estado registrou desvalorização superior, de 0,89% em julho, e finalizou o mês na média de R$ 31,22/sc. “Assim, para cobrir o COE o produtor precisa negociar seu cereal a pelo menos R$ 40,42/sc, 22,76% maior que o preço comercializado {pago pelo mercado} em julho, por exemplo. Com as despesas maiores que as cotações no Estado, as incertezas aumentam em relação a novos investimentos para o próximo ciclo”, explicam os analistas do Imea.
Na semana passada, como noticiado aqui no MT Econômico, o Imea já havia divulgado dados consolidados acerca da atual temporada – 2022/23: Mato Grosso está produzindo mais milho do que soja!
Nessa safra, o Estado está colhendo 51,03 milhões de toneladas (t) do cereal, ante 45,32 milhões t de soja. Na comparação entre safras, por exemplo, essa temporada está adicionando mais de 7 milhões t frente à produção de 2021/22.
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A safra é marcada por números inéditos, tanto na superfície semeada, quanto em produtividade por hectare e ainda em produção.
Os dados levantados pelo Instituto, através do sensoriamento remoto, apontaram um incremento para área final do milho no Estado, que fechou em 7,49 milhões de hectares, aumento de 1,01% ante ao relatório anterior e 4,83% em relação ao observado na safra passada.
Em relação à produtividade, o Imea reajustou a expectativa de rendimento para a temporada em 113,52 sacas por hectare, 0,75% maior que a estimativa de junho/23. Segundo informantes do Imea, “o aumento na perspectiva de produtividade ocorreu em decorrência das boas condições das lavouras, além dos bons resultados apresentados com o avanço da colheita no Estado, até o final de julho/23”.
Com a consolidação da área e o reajuste de produtividade, a produção de milho para a safra 2022/23 ficou estimada em 51,03 milhões de toneladas, incremento de 883,62 mil toneladas ante a estimativa do mês passado e 7,19 milhões de toneladas a mais quando comparado com o ciclo 2021/22.