O maior produtor nacional de soja, Mato Grosso, deu início à nova safra, o ciclo 2023/24. Mesmo com o fim do Vazio Sanitário somente no último dia 15, o cultivo havia sido liberado – de forma excepcional – desde o dia 1º, mas ainda com um calendário dilatado, a semeadura não cobre 0,5% da área estimada. O clima é o grande referencial do produtor. Sem chuvas, poucos arriscam.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que os produtores que aproveitaram a antecipação do calendário semearam, até a última sexta-feira – quando chegou ao fim o Vazio – 0,45%, de uma área estimada em 12,22 milhões de hectares para a safra mato-grossense de soja 2023/24, estavam plantados.
“Vale ressaltar que em 2023, excepcionalmente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) liberou a semeadura da soja a partir do dia 1º, para os produtores que solicitaram o adiantamento por meio da Superintendência Federal de Agricultura do Mapa em Mato Grosso (SFA/MT) e obtiveram a liberação para semear. A nova safra está sendo cultivada em todas as regiões do Estado”, pontuam os analistas do Imea.
Ainda entre os locais de plantio, a mais adiantada é região oeste, que alcançou 0,93% da sua área prevista. Tradicionalmente, os produtores dessa porção estadual têm como carro-chefe o cultivo do algodão e por isso plantam a soja super precoce e precoce para que a colheita ocorra ainda antes da virada do ano e na sequencia possam plantar a fibra.
“Nessa semana, após o término do Vazio Sanitário da soja em Mato Grosso, a necessidade de volumes de chuvas regulares aumenta no Estado para dar a verdadeira largada do plantio da nova safra. No entanto, segundo os dados do NOAA, as precipitações podem ser de 5 a 15 mm na maior parte de Mato Grosso, volume abaixo do necessário para repor todo o déficit hídrico”, completa o Imea.
SAFRA ‘VELHA’ – Em agosto, o esmagamento da soja em Mato Grosso atingiu o recorde de 1,10 milhão de toneladas processadas no mês, aumento de 4,48% em relação a julho e de 12,61% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em relação ao acumulado de 2023 (jan a ago), foram consumidos 7,87 milhões t de soja nas indústrias do Estado, aumento de 0,76% no comparativo com o mesmo período de 2022. “Esse cenário é pautado pela maior demanda externa pelos subprodutos, principalmente pelo farelo, que neste ano tem apresentado níveis recordes na exportação do produto, devido à lacuna deixada pela oferta da Argentina. Por fim, apesar da maior demanda no período analisado, a margem bruta de esmagamento das indústrias tem recuado mês a mês e, em agosto fechou com média mensal de R$ 448,61/t, queda de 17,69% em relação ao mês anterior”, completam os analistas do Imea.