Mais de 80% da energia elétrica produzida no país é proveniente de fontes renováveis (hidro, eólica, solar e biomassa) e quantas vezes ouvimos a frase “somos o país da energia barata e da conta cara”. Esta constatação se torna mais evidente ainda quando enfrentamos situações de calor extremo como atualmente no Estado e no país, refletindo fortemente ou mais pesadamente ainda na conta de energia elétrica ou nas costas dos consumidores por conta do aumento do consumo de energia.
Em Mato Grosso neste período de agosto a novembro, de temperaturas muito altas e umidade baixa, as contas de energia podem chegar mais “salgadas” para os consumidores. Contudo é preciso estar atento para analisar o aumento das contas de energia. Primeiramente, o consumidor deve verificar se a leitura da energia foi de fato realizada ou se foi por média de consumo. Importante também analisar seu histórico de consumo, inclusive do mesmo período do ano anterior para comparar. Verificar também na conta o número de dias faturados, que deve ser de 27 a 33 dias de acordo com a legislação. Quanto mais dias faturados, maior o valor da conta.
Estima-se que o calor excessivo nesta época do ano no Estado influencia num aumento de cerca de 20% a 50% no consumo de energia dependendo do perfil do consumidor e quantidade de equipamentos que utiliza. Os equipamentos de refrigeração merecem atenção especial e dentro destes, o ar condicionado é o “ator principal”.
De acordo com o engenheiro mecânico Arnaldo Lopes Parra, especializado em climatização e vice-presidente de marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado e Ventilação (Abrava), entre a cada grau que se reduz no controle remoto do equipamento, são cerca de 3,5% de aumento no consumo de energia. “Existem alguns estudos da Abrava que comprovam que, se o ar estiver em 23ºC e o ajuste da temperatura for aumentado para 25ºC, haverá uma redução de 7% no consumo”. De forma análoga, se o ajuste estiver em 23ºC e for reduzido para 21ºC, haverá um aumento de 7% no consumo.
Até o momento, muito se falou nos medidores inteligentes ou smart meters, mas não avançamos neste aspecto. Apesar dos potenciais consumidores que poderiam economizar energia elétrica neste momento estarem nos seus limites devido ao alto custo da energia, estes poderiam ajudar mais o país (e eles próprios), contudo, precisariam ter o seu consumo na “palma da mão” e on-line. Esses medidores recebem, automaticamente, informações em tempo real sobre o consumo de energia. Com eles, é possível saber quais equipamentos estão consumindo mais energia, e quais são os horários de maior consumo, entre outras informações. A partir disto será possível então criar uma consciência para mudar hábitos e economizar.
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Por enquanto, a grande maioria dos consumidores conta somente com si próprio para tentar reduzir sua conta mensal e a gestão do tempo de uso dos equipamentos é um ponto central. A energia consumida é o produto da potência do equipamento em Watts pelo seu tempo de uso, resultando no famoso kWh. Então, a orientação é “gestão”. Gestão do tempo de uso dos equipamentos e gestão para o uso da energia de forma consciente e inteligente. Entendemos, porém, que pelo preço que se paga na conta de energia, o consumidor não pode e não deveria ficar sabendo do tamanho da mesma só no final do mês, com o gasto já comprometido.
Por fim, para otimização dos resultados, o tripé-equipamentos mais eficientes, hábitos conscientes e projetos inteligentes, deve estar bem alinhado. É preciso agir estrategicamente e com inteligência utilizando equipamentos mais eficientes e elaborando bons projetos, congregando todos estes elementos. Agindo desta forma estaremos reduzindo o consumo, o gasto e ainda protegendo o meio ambiente e as futuras gerações, que nos agradecerão.
Adicionalmente, é urgente a necessidade da apreciação e aprovação do PL 414/2021 em tramitação na Câmara dos Deputados que trata da modernização do setor elétrico e a abertura do mercado livre para todos os 89 milhões de consumidores cativos do país que atualmente somente podem adquirir sua energia das distribuidoras locais, permitindo o poder de escolha dos consumidores e garantindo assim competitividade e regras de mercado aos preços da energia de várias fontes com maior participação inclusive das fontes solar e eólica. Novas tecnologias como armazenamento de energia e redução dos subsídios embutidos nas tarifas de energia se fazem também urgentes para que o país tenha sustentabilidade no sentido amplo num processo de ganha-ganha-ganha, ou seja, ganha o consumidor, o meio ambiente e toda a sociedade.
Formas de economizar energia elétrica em seu dia a dia:
Valorizar a iluminação natural
Trocar as lâmpadas pelas do tipo LED
Ar condicionado: a temperatura ideal deve ficar em 23 graus com o ambiente fechado e limpar regularmente o filtro
Chuveiro elétrico: tomar banhos de até 5 minutos e utilizar a temperatura morna no verão
Aparelhos em stand-by: retirar os aparelhos eletrônicos da tomada quando possível
Ter atenção ao estado dos eletrodomésticos
Diminuir o uso de aparelhos como ferro elétrico e máquina de lavar. Juntar a maior quantidade de roupas para utilização em uma única vez
Teomar Estevão Magri, Engenheiro Eletricista com MBA em Gestão de Negócios, Especialista e Consultor em Energia