A notícia sobre os níveis de emprego/desemprego em Mato Grosso foi bem badalada na mídia local, decorrente das informações divulgadas pelo IBGE nos últimos dois meses do ano corrente, com taxas de desemprego abaixo de 3,5%.
Nas décadas de 70 e 80 os economistas aceitavam uma taxa de desemprego de até 5% como taxa mínima para afirmarem que determinada economia se encontrava no pleno emprego.
Nos dias atuais estão aceitando uma taxa de até 6,5%, de acordo com a estrutura produtiva da economia, se desenvolvida ou emergente de industrialização recente.
Mato Grosso consolida-se como economia primário-exportadora a partir da década de 90, beneficiado com a Lei Kandir, que de um lado desonerou setores exportadores, enquanto por outro, compensava estados prejudicados com a criação do fundo de exportações.
É certo que a superação das limitações impostas pela inelasticidade de oferta de bens primários foi alcançada com a capitalização do campo, derivando daí um processo de acumulação primária que em muito estimulará a “industrialização inovadora intensiva em produtos primários e biotecnologia” (L. FLAUZINO, 2022; O. CANUTO, 2023).
Esta será uma das oportunidades para o investimento industrial em torno da indústria leve no nosso Estado, cabendo-nos (empresários, academia, governo e trabalhadores) levar adiante um debate mais aprofundado sobre qual ramo/segmento da indústria terá/assumirá o papel de indústria motriz ou dinâmica em sintonia com o setor de bens primários e o setor de comércio e serviços.
Dinamizar e diversificar a economia mato-grossense será fundamental para manutenção de níveis de empregos elevados, até porque, existe uma discussão acadêmico-empírica que diz que o pleno emprego pode levar a um processo inflacionário, porém, qual o porquê dessa preocupação?
Primeiramente, terei que apresentar ao leitor um conceito básico sobre Pleno Emprego. Portanto, este seria o ponto de igualdade entre oferta agregada e demanda agregada.
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Sustentado em D. F. CARVALHO (2014), essa igualdade ou intersecção entre curvas de oferta agregada e demanda agregada resulta da expectativa de ganhos futuros (eficiência marginal do capital) por parte dos empresários quando decidem combinar e ofertar montante de volume de emprego e uso de capital produtivo (máquinas e equipamentos), que durante todo o processo, além de gerar emprego, gerará renda, promovendo o crescimento do PIB e melhores níveis de bem-estar e qualidade de vida.
Como tentativa de conclusão esclarecedora, resta-me ponderar que a fórmula básica para se calcular taxa de desemprego formula-se a partir da relação entre PEA (população economicamente ativa) pessoas aptas e dispostas a trabalharem, mas que eu prefiro chamar de PEA* (população eficientemente ativa) ao considerar pessoas aptas e dispostas a trabalharem a partir dos 18 anos (mulheres e homens), pois, seria a idade adequada e mínima para cursar e concluir cursos profissionalizantes ou de base para a ciência e tecnologia. Assim agindo, via políticas públicas, reduziria o problema do pleno emprego inflacionário, certamente, menos dependente de déficits públicos sistemáticos e irresponsáveis.
Ernani Lúcio Pinto de Souza, 61, cuiabano, economista da UFMT junto ao Escritório de Inovação Tecnológica. Participou de programas de capacitação patrocinados pela UFMT junto ao Programa MEC/BID III e ANPEC/NAEA/UFPA. Foi vice-presidente do CORECON-MT.(elpz@uol.com.br)