Mato Grosso deve colher cerca de 92,78 milhões de toneladas (t) na safra 2023/24. O volume apontado pelo 3º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24, divulgado ontem (7), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), se confirmado, será 8% abaixo da oferta anterior, quando o estado colheu quase 101 milhões t, marcando novo recorde. A escassez de chuvas é a responsável pelas projeções. O milho será a cultura mais afetada pelo fator clima.
A retração prevista ao estado – que segue ainda como o maior produtor nacional de grãos e algodão – é 3,5 vezes maior que a prevista à produção nacional, que deve encolher 2,4%.
Ainda conforme os números, as três principais culturas do estado vão recuar em produção e produtividade nesta safra. Para o milho são esperadas 44,89 milhões t, queda anual de 11,5%, ante o recorde da safra passada em 50,73 milhões t.
O algodão deve contabilizar cerca de 2,12 milhão t de pluma, 5,8% inferior ao saldo de 2,25 milhões t do ciclo 2022/23. A soja também tem previsão de retração – -4,6% – e deve somar neste ciclo 43,49 milhões t contra 45,60 milhões t.
“Estamos atentos e redobraremos o monitoramento das áreas produtoras. O comportamento do clima este ano é o fator mais determinante para as culturas que estão em plantio e em desenvolvimento, em função do El Niño. Além disso, os atrasos no plantio da soja abrem incertezas para o milho 2ª safra”, pondera o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto.
Os produtores brasileiros deverão colher 312,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24, volume 2,4% inferior ao obtido na temporada passada. A queda na estimativa de produção neste ciclo é explicada pela baixa ocorrência de chuvas e as altas temperaturas registradas nos estados do Centro-Oeste, enquanto que no Sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, pelo excesso das precipitações. Essas condições climáticas adversas afetaram o desenvolvimento de importantes culturas, como soja e trigo.
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CULTURAS – Importante produto para o abastecimento interno, o arroz tem previsão de alta na safra de 7,5%, podendo chegar a 10,79 milhões de toneladas. O melhor resultado é influenciado pela maior área destinada ao produto bem como uma recuperação na produtividade. Ainda assim, o desenvolvimento da cultura, em especial no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, tem sido afetado pelas condições climáticas adversas. O excesso de chuvas tem gerado uma umidade excessiva no solo, o que impede a conclusão da semeadura e dificulta os tratos culturais.
Outro produto tradicional no consumo dos brasileiros, o feijão apresenta cenários diversos nas lavouras cultivadas nesta primeira safra pelo país. Em São Paulo as condições gerais, até o momento, são de bom aspecto fitossanitário. Os efeitos das altas temperaturas e baixas precipitações foram amenizados pelo uso de irrigação. Já em Minas, esse cenário de calor e irregularidade de chuvas trazem impactos nas operações de implantação e de manejo das lavouras. Ainda assim, somadas as 3 safras da leguminosa a expectativa é de uma produção de 3,1 milhões de toneladas.
O clima também tem trazido impacto para a soja, principal cultura cultivada no país. O plantio da oleaginosa continua atrasado em todas as regiões produtoras. Em alguns estados os trabalhos de implantação da cultura ficaram próximos aos da última safra, como Paraná e Mato Grosso. Com a irregularidade climática há a sinalização de redução da produtividade nos estados do Centro-Oeste. Em Mato Grosso as lavouras ainda apresentaram uma evolução satisfatória, mesmo com o pouco volume pluviométrico recebido. Já em Goiás, Minas Gerais, Matopiba e Rio Grande do Sul, a área semeada se encontra bem abaixo do ocorrido na safra 2022/23. No Rio Grande do Sul é devido ao excesso hídrico, e nas demais regiões é por conta da irregularidade ou falta de precipitações.