Com o corte no rendimento da safra 2023/24, a preocupação em quitar as despesas aumentou em Mato Grosso, alertam analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O medo, além das preocupações pontuais a cada etapa da safra, é que de o rendimento não seja suficiente para honrar compromissos do atual ciclo, já que pode ser até 15% inferior à temporada passada.
Conforme o Imea, a produtividade média estimada para soja 2023/24, em Mato Grosso, de 53,59 sacas por hectare (sc/ha), já não cobre o ponto de equilíbrio em sacas do Custo Operacional Total (COT), que é estimado em 54,73 sc/ha. “A situação para alguns produtores no estado é ainda pior, visto que parte destes não travaram os custos e não realizaram nenhuma venda da produção, e outros podem colher uma produtividade menor que a média mato-grossense. Já há relatos de rendimento de 20 sacas”.
E as perdas financeiras em decorrência da quebra de safra vão reverberar por um bom período entre o agro mato-grossense. “Para a safra 2024/25, o cenário poderá se agravar ainda mais, visto que é estimado que as despesas subam em relação à 2033/24 e os preços da soja futura estão menores, com média de R$ 112,31/sc em dez/23. Desse modo, com o COT projetado em R$ 6.319,73/ha, o produtor terá que produzir no mínimo 62,06 sc/ha de média no ciclo 2024/25 para cobrir as despesas. “Com a situação atual na safra 2023/24 e o cenário desafiador para o próximo ciclo, o produtor deve ter os seus custos na ‘ponta da caneta’, a fim de aproveitar as oportunidades de mercado para minimizar os riscos”, aconselham os analistas.
Leia também: Colheita da soja 2023/24 é a mais rápida de toda história de MT
MERCADO – Em dezembro/23, a comercialização da soja para a safra 2022/23 em Mato Grosso alcançou 98,01% da produção, avanço de 1,80 pontos percentuais (p.p.) quando comparado com novembro/23. “O menor ritmo da negociação está atrelado à baixa demanda e ao recuo dos preços da oleaginosa. No que se refere ao valor médio da soja em dez/23, o preço fechou em R$ 117,75/sc, queda de 1,97% no comparativo mensal. Para a safra 2023/24, a venda da oleaginosa chegou a 37,51 % da produção estimada, adição de 0,96 p.p. no comparativo com nov/23. Cabe destacar que apesar de ocorrer negociações pontuais durante o mês, a queda no preço da oleaginosa de 0,29% em dez/23 ante nov/23 ficando em R$ 111,05/sc, somada com a incerteza quanto à produção aguardada para o ciclo, limitaram novas vendas no estado. Por fim, vale ressaltar que com o corte na estimativa de produção, os valores divulgados nos meses anteriores foram alterados”.