Mato Grosso é o estado com maior produção de etanol de milho no país, com onze plantas em funcionamento. Apesar do potencial em plena exploração, o mato-grossense paga caro pelo biocombustível que tanto produtores, quanto industriais, afirmam safra após safra, que sobra no estado. Mesmo surgindo semanalmente como o litro mais barato do país, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro em Sinop (500 quilômetros de Cuiabá), onde existem plantas que processam o milho e produzem o etanol, o preço médio fechou março a R$ 3,33, com preço máximo de R$ 3,59. O valor médio ao estado, no mesmo período, foi de R$ 3,12.
Segundo o presidente da Datagro, Plinio Nastari, das onze plantas existentes em Mato Grosso, seis são exclusivas de etanol de milho e cereais. “São estes investimentos que vão alavancar a produção de matérias-primas sustentáveis para a produção de bioenergia, que inclui o biodiesel, o etanol, o biometano, e Mato Grosso é um exemplo nesta direção, com integração com soja, com milho de segunda safra, a conversão deste milho em etanol, DDG (grão de destilaria secos – do inglês Dried Distillers Grains), óleo de milho, a transformação da soja em farelo, que vira biodiesel”, disse o presidente.
O Brasil é o segundo maior produtor de etanol de milho do mundo. Desde o início da operação da primeira indústria full deste biocombustível, em 2017, a produção passou de 500 mil litros para 6,27 bilhões de litros na safra 2023/2024.
POTENCIAL – Ainda que não haja explicações para o preço cobrado pelo litro, dentro do estado que é o maior produtor nacional, o setor comemora o potencial desse mercado. “Assim como ocorre no setor de cana-de-açúcar, a cadeia produtiva do etanol de milho tem potencial para ir além da fabricação do biocombustível e do uso do DDG”, disse Alexandre Alonso, Chefe-Geral do Centro Nacional de Pesquisa de Agroenergia da Embrapa.
“Existe amplo espaço para o desenvolvimento de novos produtos dentro do segmento de etanol de milho, em particular bioprodutos a partir da biomassa, bioeletricidade, matérias-primas para indústria alcoolquímica, conexão com florestas plantadas para produção de cavaco, e assim por diante”, ressaltou no painel que tratou de mercados potenciais.