As atividades de colheita da primeira e segunda safras de milho continuam a progredir em todo o Brasil, mas a incerteza ainda domina o cenário da produção da segunda safra em diversas regiões, conforme relataram pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e do Agrolink. Durante o mês de maio, as condições climáticas não trouxeram alívio para as lavouras, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e em partes do Centro-Oeste.
Os levantamentos do Cepea indicam que os preços do milho apresentaram variações distintas entre as praças acompanhadas, refletindo as particularidades da oferta e demanda local. Em áreas consumidoras, como certas regiões de São Paulo, houve uma queda nos valores, principalmente devido à retração dos compradores. De maneira geral, os pesquisadores do Cepea observaram que os compradores têm sinalizado possuir estoques suficientes e estão aguardando a disponibilidade de um maior volume para negociação.
Por outro lado, os vendedores estão analisando cuidadosamente a situação local antes de disponibilizar novos lotes de milho no mercado. Essa postura cautelosa reflete a complexidade do atual cenário agrícola brasileiro, marcado pela influência de múltiplos fatores climáticos e econômicos.
Mato Grosso, maior produtor de milho segunda safra do país, tem uma condição diferenciada, pelo menos até este momento, conforme já noticiado pelo MT Econômico. A colheita do milho segunda safra, virou o mês alcançando 4,73% do total da área esperada para a safra 2023/24, com avanço semanal de 2,79 pontos percentuais (p.p.) Os trabalhos a campo nesta temporada continuam à frente do que visto na safra passada e na média dos últimos cinco anos, em 3,47 p.p. e 2,81 p.p., respectivamente. Com antecipação recorde na retomada dos trabalhos a campo, o cereal já é colhido em todas as regiões do estado.
Conforme dados atualizados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área de milho 2° safra em Mato Grosso se manteve em 6,94 milhões de hectares e isso representa uma retração de 7,31% quando comparado com a safra 2022/23.
Já no que se refere a produtividade, o Imea aumentou a estimativa para 108,16 sacas/hectare, incremento de 4,14% ante a divulgação do mês passado, que levava em consideração as médias dos últimos anos. “Essa alta na projeção foi puxada, principalmente, pelas boas condições das lavouras até o final de abril. Vale destacar, que mais de 90% das áreas foram semeadas dentro da janela considerada ideal (28/02). Com isso, estima-se que uma parcela significativa das lavouras se desenvolveu dentro de um regime ideal de chuvas, uma vez que os volumes pluviométricos se mantiveram presentes na maior parte das regiões do estado até final de abril”, explicam os analistas do Imea.
Diante desses dois indicadores – área plantada e produtividade – a produção ficou estimada em 45,05 milhões de toneladas, alta de 4,08% na comparação mensal entre dados de abril e maio. Apesar do incremento entre estimativas, é importante destacar que quando comparado com a safra passada (2022/23), a produção para o ciclo atual é 14,22% menor.