Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) apontam que 10 municípios de Mato Grosso estão entre os 100 municípios brasileiros que mais negociam com o mercado internacional.
Juntos, os principais exportadores municipais respondem por 50,78% do saldo comercial estadual, ao adicionar US$ 5,875 bilhões aos US$ 11,568 bilhões faturados por Mato Grosso com as vendas externas.
Os valores são referentes aos 10 primeiros meses deste ano. Em 2006, os principais exportadores municipais de Mato Grosso asseguravam US$ 1,868 bilhão ao saldo de US$ 2,814 bilhões. Nos últimos 10 anos, as exportações mato-grossenses aumentaram em 311%, impulsionadas pela produção agrícola nesses municípios, que ocupam o topo do ranking estadual e nacional.
Compõem a relação dos maiores exportadores em 2016, por ordem decrescente: Sorriso (US$ 1,297 bilhão), Rondonópolis (US$ 880,482 milhões), Nova Mutum (US$ 609,259 milhões), Primavera do Leste (US$ 538,514 milhões), Lucas do Rio Verde (US$ 481,763 milhões), Sinop (US$ 477,657 milhões), Querência (US$ 421,841 milhões), Sapezal (US$ 420,264 milhões), Diamantino (US$ 391,876 milhões) e Campo Novo do Parecis (US$ 355,522 milhões).
Cuiabá ocupa a 11ª posição estadual e a 120ª na lista nacional. Em 2006 detinha a 2ª posição estadual e a 60ª nacional, com vendas de US$ 493,804 milhões. Em 2016, até outubro, as exportações realizadas a partir da Capital movimentaram US$ 262,509 milhões. Rondonópolis, que já liderou os embarques mato-grossenses, ainda conserva posição de destaque. Há 10 anos, a cidade localizada no sul do Estado faturava US$ 1,004 bilhão com o comércio internacional. Da mesma forma, Campo Novo do Parecis perdeu posições.
Em 2006 era o 3º município estadual que mais exportava e o 83º do país com negócios na ordem de US$ 370,069 milhões. Sorriso, que assumiu a liderança na exportação estadual, ocupava o 17º lugar no ranking dos municípios mato-grossenses que mais exportavam em 2006, quando movimentou US$ 33,300 milhões em negócios com outros países. De lá para cá, o saldo comercial obtido com as vendas externas realizadas pelo município cresceu 250%.
E não será em 2017 que a localidade perderá o status de maior exportador de produtos do Estado. No próximo ano, o município prevê produção recorde de grãos, com destaque para o milho, como adianta o prefeito Dilceu Rossato (PSB). A previsão é que o cereal prevaleça como opção de 2ª safra na temporada. “Dos atuais 600 mil hectares de soja, a estimativa é que 500 mil (ha) sejam cultivados com milho na 2ª safra, gerando expectativa de uma produção ainda maior no próximo ano”, declara.
Expectativa que, se confirmada, refletirá diretamente no saldo da balança comercial do município, já que a soja e o milho detêm mercado cativo, especialmente entre os países asiáticos. O economista Aurelino Levy Dias Pereira reforça que os maiores exportadores municipais são aqueles que concentram elevada produção de grãos.
Contudo, há poucas indústrias para converter essa matéria-prima em produtos acabados, de maneira a agregar valor à produção local, aumentar a arrecadação e gerar empregos, pondera. Nesse processo, a Capital mato-grossense perde cada vez mais participação. “Agora, se estender a Ferrovia até Cuiabá e daqui para o interior, a Capital volta a ser o centro irradiador de desenvolvimento do Estado. Haverá transporte de mercadorias daqui para o Norte e vice-versa, porque diminuirá o custo do frete, que por meio rodoviário é caríssimo”.
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA – Outro aspecto levantado pelo economista é que a concentração das exportações por um pequeno grupo de municípios reflete em pouca distribuição de riqueza, inclusive para o próprio município gerador dos embarques. “As empresas (exportadoras) ganham mais porque o retorno para os municípios não vem diretamente, devido à Lei Kandir (que isenta de ICMS a venda externa de produtos primários). Então, o governo federal centraliza o recurso e repassa pouco para o Estado, que por sua vez distribui aos municípios”.
Do montante recolhido pela União com as exportações, 75% são divididos entre os Estados, que redistribuem 25% aos municípios, lembra a secretária de Desenvolvimento Econômico de Rondonópolis, Stefânia Pasqualotto. Segundo ela, a localização do município – saída para o Sul e Sudeste do país – favorece as exportações, que concentrou investimentos em infraestrutura, como o terminal de cargas da América Latina Logística (ALL) e a extensão dos trilhos da Ferrovia Vicente Vuolo (Ferronorte), a partir de Alto Taquari. Para ela, o volume de embarques reflete no desenvolvimento econômico do município. “Aumentando as exportações, aumenta o repasse do FEX (Fundo de Auxílio aos Estados e Municípios Exportadores)”.
Em Rondonópolis, chama atenção para a presença de empresas esmagadoras de soja, mas outras indústrias e prestadoras de serviços se instalaram no município com o desenvolvimento local. “Nos últimos anos, aumentou muito o número de empresas na área do comércio, serviços e na construção civil também”, avalia.
“É fantástico quando vamos para o interior do Estado e vemos polos de desenvolvimento. O problema é que o Estado é grande”, avalia o economista especializado em Comércio Exterior, Vítor Galesso, ao comparar os municípios que detêm elevada produção de grãos e infraestrutura com aqueles menos desenvolvidos economicamente.