Apesar do recorde de exportação, o ano de 2023 foi desafiador para os pecuaristas, que sofreram com a pressão de baixa. Em 2024, será que a arroba do boi gordo deve reagir? A resposta para essa pergunta costuma estar no acompanhamento do chamado ciclo pecuário, onde diferentes estímulos do mercado fazem com que os produtores tomem decisões como reter ou vender fêmeas e bezerros, influenciando diretamente a próxima etapa do ciclo.
De acordo com Alcides Torres, analista de mercado da Scot Consultoria, o ano de 2024 deve ser melhor que o de 2023, porém, ainda não estaremos na melhor fase do ciclo. “Em 2023 encaramos um momento de baixa no ciclo pecuário. Em 2024 ainda teremos uma sobreoferta de gado, mas já é esperada uma melhora nas cotações”, afirma.
Por essa perspectiva, podemos esperar que a arroba do boi gordo flutue entre estabilidade e alta em 2024. A escalada mais intensa, porém, deve começar somente em 2025. “A alvorada deve começar a acontecer em 2025, quando veremos o início da fase de alta do ciclo pecuário“, finaliza Torres.
MENOR PATAMAR DA HISTÓRIA – Como completam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o intenso abate de fêmeas resultou no menor nível de fêmeas em idade reprodutiva, podendo impactar a oferta de bezerros no longo prazo e dar origem ao ciclo de alta da pecuária, com a valorização da arroba e dos animais.
Leia também: Mapa divulga zoneamento agrícola para pecuária de MT, DF e mais 16 estados
Segundo o Indea/MT, o rebanho de bovinos de Mato Grosso em 2023 foi de 34,10 milhões de animais. “O intenso abate de vacas e novilhas nos últimos anos resultou na redução de 6,05% no volume de matrizes disponíveis (fêmeas em idade reprodutiva, ou > 24 meses). Com isso, a participação de fêmeas em idade reprodutiva no rebanho total de fêmeas atingiu o menor patamar da história, e ficou em 62,88% em 2023. Além disso, outro fator que demonstra o desestímulo dos criadores é a redução nos protocolos de inseminação artificial.
Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), a comercialização de doses de sêmen destinadas à pecuária de corte em 2023 foi 5,40% menor que em 2022, queda pelo segundo ano consecutivo. “Considerando que a pecuária é uma atividade plurianual, a redução no volume de matrizes poderá impactar a oferta de bezerros desmamados a partir do ano que vem”, o que deve elevar os patamares das cotações.