Os fenômenos climáticos estão se tornando cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global e ao desequilíbrio na temperatuda do planeta. Fenômenos como o El Niño e La Niña se tornam cada vez mais comuns e levam chuvas e secas em excesso para diferentes regiões do Brasil.
O El Niño é caracterizado pelo aumento da temperatura das águas na região equatorial do oceano Pacífico, já o La Niña age gerando a diminuição dessa temperatura na mesma área. Esses dois fenômenos climáticos têm um impacto significativo nos padrões globais de temperatura e precipitação.
Os dois fenômenos climáticos tendem a ter efeitos opostos nas mesmas regiões que afetam, por exemplo, no Brasil, o El Niño costuma causar secas nas regiões Norte e Nordeste. Já La Niña tende a trazer chuvas para essas áreas.
No Sul do Brasil, o El Niño está associado a um aumento no volume de chuvas, enquanto o La Niña resulta em uma redução das precipitações.
Neste ano, o acontecimento do El Niño, somado a mudanças climáticas severas, gerou um aumento incomum do volume de chuvas na região sul do país, causando graves inundações que devastaram lavouras, comprometendo negócios e gerando incertezas referente a agropecuária do Rio Grande do Sul.
“Esses efeitos climáticos extraordinários estão mudando as diretrizes de controle do agro, uma coisa que no passado era esperada ou previsível, hoje, já não pode ser mais prevista ou entendida”, comenta Felipe Jordy, líder de inteligência e assessoria comercial da BiondAgro.
As chuvas no Rio Grande do Sul resultaram em uma das maiores enchentes já registradas no estado. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e até o momento, 172 mortes foram contabilizadas pelas autoridades.
A chegada da La Niña no Brasil
Segundo dados do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), A La Niña pode se desenvolver entre junho-agosto, tendo 49% de chance de acontecer; ou julho-setembro, com uma probabilidade maior, 69% de chance. Entre setembro e outubro, início do plantio da safra verão, as chances já ultrapassam 80%. As projeções do órgão apontam para uma intensidade de fraca a moderada do fenômeno climático, por ora.
Numa análise extensa, desde a safra de 76/77, até a safra atual, 23/24, é possível identificar que o padrão El Niño e La Niña impactam diretamente na produtividade de soja do país, seja na média geral do país ou regional.
Em anos de La Niña, de intensidade fraca ou forte, o país tem uma vantagem produtiva em comparação aos anos anteriores, mesmo com possíveis penalidades ao Sul.
“Dada a presença da La Niña, entidades e fontes do mercado já esperam uma melhor produtividade no Brasil, especialmente no Centro-Oeste, onde na safra 23/24 houve uma quebra superior a 16%, frustrando as expectativas iniciais que superaram os 160 milhões de toneladas de soja. Números acima das primeiras projeções para o ciclo atual já são esperados para a safra futura, a 24/25. Apesar das primeiras projeções, é importante citar que muitas coisas podem e devem acontecer, desde a definição do potencial produtivo nos EUA, que altera as cotações de Chicago e consequentemente a rentabilidade do produtor Brasileiro, até as definições de área e investimento no Brasil”, diz Jordy.
Como gerenciar o agro diante dos fenômenos climáticos?
O acompanhamento climático é fundamental para o setor agropecuário por diversas razões. Ele permite um planejamento agrícola mais eficiente, onde os agricultores podem tomar decisões informadas sobre o melhor momento para plantar, colher, aplicar fertilizantes e defensivos, otimizando o uso de recursos e maximizando a produtividade da fazenda.
Além disso, a previsão de eventos climáticos extremos, como secas, geadas, tempestades e enchentes, possibilita a adoção de medidas preventivas para proteger lavouras e rebanhos, reduzindo perdas significativas.
Os dados climáticos também são essenciais para a gestão eficiente da água, ajustando a irrigação com base na previsão de chuvas e evitando tanto o desperdício de água quanto a escassez hídrica.
O conhecimento das condições climáticas esperadas também facilita a escolha de cultivares mais adequadas, melhorando a resistência das plantas e a produtividade. Do ponto de vista financeiro, entender as tendências climáticas ajuda os produtores a planejar, ajustar orçamentos, prever rendimentos e gerenciar riscos, o que é particularmente importante para obter financiamentos e seguros agrícolas.