O preço médio da carne bovina brasileira registrou uma valorização de 12,9% no mercado internacional em 2021 em comparação com 2020, passando de US$ 3.346,93 mil por tonelada (mil/t) para US$ 3.77,90 mil/t. A alta garantiu saldo positivo e incremento na receita das exportações mato-grossenses, uma vez que o volume de carne embarcado ano passado foi 9,5% menor do que em 2020.
Levantamento do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) aponta que, em 2021, Mato Grosso comercializou 368,7 mil toneladas de carne bovina e movimentou o equivalente a US$ 1,78 bilhão. Em 2020, o volume de carne exportado foi de 407,6 mil toneladas e a receita de US$ 1,68 bilhão.
Entre os motivos para a redução do volume de carne exportado, o diretor de operações do Imac, Bruno de Jesus Andrade, aponta a menor oferta de animais e a saída temporária da China do mercado como os principais fatores para a redução.
“A demanda em 2021 foi aquecida, se a China não tivesse ficado 100 dias fora do mercado, provavelmente Mato Grosso teria registrado recorde não apenas em receita, mas também em volume de carne exportado”, afirma Bruno Andrade.
A China se manteve na liderança entre os principais destinos da carne mato-grossense, com compra de 155,4 mil toneladas, o que representou uma receita de US$ 823,1 milhões, 46% do total exportado pelo estado. Em seguida, o Chile aparece com a compra de 29,2 mil toneladas e US$ 145,3 milhões, ocupando o lugar que era de Hong Kong em 2020. A ilha asiática ficou na terceira colocação em 2021, mesmo comprando maior volume, 38,3 mil toneladas, porém com menor valor, US$ 145,1 milhões no total.
“É interessante observar no ranking dos principais compradores o valor agregado da mercadoria. Enquanto Hong Kong paga cerca de US$ 3,8 mil por tonelada, nós temos a Itália que paga US$ 7 mil a tonelada. O Brasil precisa trabalhar para diversificar os destinos, mas também para abrir mercado que paga melhor, como é o caso do Japão, por exemplo”, afirma o diretor do Imac, Bruno de Jesus Andrade.
Outro exemplo citado pelo diretor é com relação à diferença de preço pago pela carne resfriada e a carne congelada pela Alemanha. De acordo com o levantamento do Imac, a Alemanha pagou 37% mais na tonelada de carne congelada exportada por Mato Grosso do que Hong Kong, sendo que o país europeu pagou US$ 6.172,23, enquanto o asiático pagou US$ 4.502,78 por tonelada.
Quando analisada a proporção de preço pago pela carne resfriada, a diferença é ainda maior, atingindo 65%. Enquanto a Alemanha pagou US$ 8.363,67 na tonelada de carne resfriada, Hong Kong pagou US$ 5.078,34 a tonelada.
“Nesse sentido, por isso é importante diversificar o mercado e enviar para cada destino o produto que pode gerar maior rentabilidade”, destaca Bruno Andrade.
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MENOS CHINA – O Brasil conseguiu diversificar mais as exportações do agronegócio em 2021 e, consequentemente, a China perdeu espaço. O país asiático, no entanto, ainda é, de longe, o principal mercado para os produtos brasileiros.
Devido à alta dos preços das commodities, os chineses despenderam muito mais com as importações no Brasil em 2021. Em volume, no entanto, há queda nos principais itens.
A Ásia, embora tenha aumentado em 17,5% os gastos nas importações de produtos da agropecuária brasileira, registrou uma participação de 51,3% no total das vendas externas nacionais em 2021, menor do que em 2020.
Os chineses mantiveram, em valores, uma participação de 30% no agronegócio. Porém, reduziram as compras em volume em dois dos principais itens de exportação brasileiros: soja e carne.
No caso da soja, a disputa entre Brasil e Estados Unidos para exportar para a China foi mais acirrada em 2021. Já no setor de carnes, os chineses colocaram barreiras à proteína bovina brasileira em setembro, o que afetou as exportações do último trimestre.
As vendas externas brasileiras de soja para a China somaram 60,5 milhões de toneladas em 2021. O volume ficou estável em relação ao de 2020, mas a participação do país asiático nas vendas totais brasileiras recuou para 70%. O Brasil exportou 86,5 milhões de toneladas da oleaginosa, 4% a mais do que em 2020.
No setor de carne bovina, os chineses compraram apenas 15 mil toneladas nos meses de outubro a dezembro do ano passado. Em 2020, o volume havia sido de 269 mil. Eles deixaram de gastar US$ 1 bilhão no período no Brasil.