Problemas na colheita de soja, em Mato Grosso, estariam contribuindo para o acúmulo de navios à espera do grão para carregar e deixar os portos brasileiros. Conforme registros de algumas publicações especializadas do setor, como a ‘Portos e Navios’, a ‘fila’ estaria chegando, em alguns portos brasileiros, a níveis quase recordes. Há embarcações posicionadas há mais de 40 dias, quando o típico para essa época de pico de safra seria um intervalo de 15 dias. A espera não apenas atrasa entregas aos importadores, como encarece as operações e inflaciona o chamado ‘custo-Brasil’.
Mato Grosso, maior produtor de grãos e fibra do País, é termômetro para as operações portuárias. Qualquer problema na semeadura e na colheita que alongue a permanência da soja nas lavouras impacta sim, na rotina de exportação e no cumprimento de contratos. Mesmo com vários registros de que as fortes chuvas que dificultam a secagem e o transporte dos grãos, o Estado já colheu muito mais do que havia retirado do solo em igual momento do ano passado. As chuvas estão dificultando a colheita, o nível de umidade nos grãos chegou a mais de 46% em algumas regiões mato-grossenses. Os grãos úmidos precisam ser secos antes de serem transportados para os portos. Pode estar havendo um hiato entre a colheita até a chegada efetiva aos portos.
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) a colheita está avançada não apenas em relação ao ano passado, como acima da média dos últimos cinco anos. Dados recentes do Imea mostram que a colheita da soja voltou a avançar conforme o sol possibilitou a entrada do maquinário nas regiões, exibindo um avanço semanal de 12,30 pontos percentuais (p.p.), com destaque para o sudeste e o centro-sul, que avançaram 17,67 p.p. e 16,44 p.p., respectivamente. Nessa semana encerrada em 4 de março, o Estado completou 90,45% de suas áreas colhidas, 23,26 p.p. a mais do que no mesmo período da safra 2020/21 e 7,51 p.p. à frente da média dos últimos cinco anos.
Com relação às produtividades das áreas colhidas na última semana, houve recuo de 0,20 sc/ha na média estadual, sob influência do excesso de chuvas em algumas regiões. Desse modo, a média ficou em 59,76 sc/ha, 3,86% maior que no mesmo período da safra 20/21. “Chegando à reta final dos trabalhos, o ritmo nas lavouras deve avançar em menor ritmo nas próximas semanas, conforme as condições climáticas possibilitem”, destacam os analistas do Imea.
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MT LIDERA – A colheita de soja brasileira atingiu na última semana o percentual de 52,2% da área estimada para a safra 2021/22. Os dados, coletados até 5 de março, constam no levantamento semanal do progresso de safra, divulgado no site da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Na semana anterior, a colheita de soja estava em 42,1%, segundo dados publicados pela estatal. Em igual período do ano passado, o número era de 37,6%. Mato Grosso lidera o ranking dos estados com colheita mais avançada, atingindo 91%, seguido de Mato Grosso do Sul, com 79% da soja já colhida, Goiás (67%) e Tocantins (65%).
Já a semeadura do milho 2ª safra 2021/22 avançou para 74,8% da área nos nove principais estados produtores do país (que representam 92% da área cultivada). Na semana anterior, o plantio estava em 59,6%. No mesmo período do ano passado, esse número era de 54,1%.
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