Em uma agroindústria ou propriedade rural, a eficiência na produção e sustentabilidade são duas coisas que cada vez mais precisam andar juntas, principalmente para atender às exigências dos mercados. Para isso, é preciso reaproveitar dejetos e todo o excedente da produção ao longo de todo ciclo do processo produtivo, que além de ambientalmente correto pode gerar mais rentabilidade.
Neste propósito, o biodigestor é a ferramenta mais eficiente, pois, pode ser utilizado em efluentes industriais ou também em atividades como a suinocultura e bovinocultura. Ele consiste em um grande recipiente onde diversos materiais orgânicos são depositados e digeridos por bactérias anaeróbicas, que produzem biofertilizantes e biogás.
O biogás é uma fonte renovável utilizada na geração de energia térmica ou elétrica, que por sua vez pode ser ligada diretamente à rede, geradores ou aquecedores. Além disso, a solução reduz em 21 vezes a emissão de poluição da lagoa para o meio ambiente e ainda possibilita a utilização do biogás para queima em caldeiras industriais.
Segundo Rodrigo Colla, diretor comercial da Aviserra Soluções Ambientais, empresa de Guaporé/RS, que trabalha há mais de 21 anos com execução de obras com geossintéticos, em cada novo projeto é preciso muito estudo e análises técnicas para que se obtenha a potencialidade na produção de biogás. “Realizamos a construção de todo o sistema do biodigestor. Além de ser uma solução ambiental, ela proporciona um rápido retorno financeiro do investimento e lucros posteriores decorrentes da grande diminuição de utilização de lenha no processo e/ou da economia de energia elétrica, por exemplo”, diz.
Há inúmeras possibilidades ou estratégias com a utilização dos biodigestores, de acordo com o diretor comercial da Aviserra. Um de seus clientes, por exemplo, os utiliza em várias frentes. Além de usar a estrutura para gerar energia, uma das unidades da empresa já realiza a purificação do gás para abastecer os veículos próprios da companhia. “O negócio tem dado tão certo que estão comprando agora uma frota de caminhões já convertidos a GNV para utilizar o gás produzido. Eles têm também uma meta de cumprir, até 2035, todas as normas ambientais de tudo aquilo que é produzido, para que possa retornar ou ser compensado”, destaca o diretor.
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Ainda segundo o profissional, esse tipo de iniciativa comprova que houve uma mudança de chave, no qual projetos focados em meio ambiente deixaram de ser vistos como custo e passaram a serem tratados como investimento. “Fazemos projetos que chegam até R$ 6 milhões, e muitos se pagam em dois anos. Por isso, muitas indústrias estão utilizando o biodigestor, fazendo testes daquilo que pode ser mais eficiente e viável”, cita.
CRÉDITO DE CARBONO – O crédito de carbono é caracterizado como uma moeda utilizada no mercado, onde uma unidade de crédito equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser produzido e liberado ao meio ambiente. Além disso, quando outros GEE (Gases do Efeito Estufa) deixam de ser lançados ao meio ambiente, são emitidos créditos com base em uma tabela de carbono equivalente, como é o caso do metano, por exemplo. Ele também é um GEE, no entanto, o seu potencial de aquecimento global é 21 vezes maior que o potencial do CO2. Então, uma tonelada de metano reduzida ou retirada da atmosfera será equivalente a 21 créditos de carbono.
No mercado de crédito de carbono, as empresas que têm a possibilidade de diminuir a emissão de gases poluentes obtêm tais créditos. Estes, por sua vez, podem ser vendidos nos mercados financeiros nacionais e internacionais. “O pessoal tem buscado muito os biodigestores focados nessas questões de crédito de carbono, afinal, é mais uma possibilidade de ganhos financeiros adicionais às empresas”, destaca Leogênio Stefanon, gerente comercial da Aviserra.
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