Cerca de 90% das lavouras de milho safrinha, em Mato Grosso, foram semeadas dentro da ‘janela ideal’, período que considera uma série de fatores que potencializam as lavouras e reduzem riscos, especialmente, o hídrico. Mesmo que grande parte da safrinha tenha sido cultivada até o data-limite, 28 de fevereiro, o ciclo como um todo requer ainda muitas chuvas para o pleno desenvolvimento, em outras palavras, para ofertar uma boa produtividade. Quase 10% da área plantada se alongou para março e esse movimento desperta ainda mais preocupação no campo, pois o milho necessita de chuvas na maior parte de seu desenvolvimento.
Como detalham os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apesar de um cenário um pouco melhor do que vinha sendo esperado, a safra deve ser quase 18% inferior à produção de 2022/23. “A semeadura do milho da safra 2023/24 em Mato Grosso chegou ao fim. No comparativo com o ano passado e a média dos últimos cinco anos, os trabalhos a campo na temporada ficaram mais adiantados, em 0,94 pontos percentuais (p.p.) e 0,29 p.p., respectivamente. Vale destacar que, por todo o período de semeadura no estado, a safra 2023/24 ficou à frente da evolução da temporada 2022/23. Para as próximas semanas as atenções se voltam cada vez mais para as condições climáticas, já que são fatores decisivos para o desenvolvimento da cultura no estado, principalmente, para a definição da produtividade”, pontuam.
Ainda conforme nova revisão de dados do Imea, a estimativa a área de milho feita agora em abril permaneceu em 6,94 milhões de hectares, 7,31% a menos que na safra 2022/23. Em relação à produtividade, o Instituto manteve a projeção em 103,86 sacas/hectares, retração de 11,08% ante a safra passada.
“Visto a finalização da semeadura no estado e com mais de 90% das áreas dentro da janela considerada “ideal” em Mato Grosso, as condições climáticas serão fatores decisivos para o rendimento final da temporada. Segundos Informantes do Imea, na última semana até 29/03, as chuvas fizeram-se presentes na maior parte do estado e com volumes significativos para o desenvolvimento das lavouras, ainda foi relatado que uma parcela significativa das áreas está em fase de pendoamento e que é aguardado chuvas até final de abril na maior parte das lavouras, podendo assim garantir um desenvolvimento satisfatório. Sendo assim, com a manutenção da área em 6,94 milhões de hectares e uma produtividade de 103,86 sacas/hectare, é esperado que a produção final do ciclo fique em 43,28 milhões de toneladas, ainda assim, 17,58% menor que a safra 2022/23”.
PROJEÇÕES REVISADAS – O Imea revisou, neste início de mês, a demanda para a safra 2022/23, ficando estimada em 50,66 milhões de toneladas, 1,48% a mais que a projeção do mês passado. Esse cenário foi puxado pelo aumento no consumo interestadual e de Mato Grosso em 14,35% e 0,05%, respectivamente. Assim, com a oferta em 52,68 milhões de toneladas e o reajuste do lado da demanda, o estoque final para temporada está previsto em 2,02 milhões de toneladas. Já no que se refere a demanda da safra 2023/24, está prevista em 44,51 milhões de toneladas, 1,50% a menos que a projeção de março. “Esse movimento foi reflexo da expectativa de menor exportação para o ciclo, queda de 6,13% ante a divulgação do mês passado. Vale destacar, que apesar da diminuição nos envios, ainda 54,79% da participação da demanda é reflexo dos envios ao mercado internacional. Um ponto que vale destacar, é que a diminuição da demanda da safra 2023/24 só não foi menor, devido à expectativa de maior consumo de Mato Grosso para temporada, 6,25% a mais que em março, puxado principalmente, pelo maior consumo das usinas de etanol de milho. Assim, com a oferta em 45,29 milhões de toneladas e a demanda em 44,51 milhões de toneladas, o estoque final ficou estimado em 785,17 mil toneladas”, apontam os analistas do Imea.